O que aprendi com as eleições no Brasil

Em uma postagem anterior, me posicionei sobre o que penso da participação de Adventistas na política. Quero reiterar que não sou nem contra nem a favor, muito pelo contrário...rsrsrs

O meu objetivo aqui é apenas refletir sobre a maneira como nós, cidadãos integrantes de uma sociedade regida por leis e políticas públicas, e que professamos a fé em uma mensagem de salvação em Cristo, estamos participando nos processos de escolha de "nossos" representantes.

"Nossos", sim, porque creio que não há instituição ou pessoa que possa se definir como "100% apolítica" (como não creio que existam pessoas com 100% de ateísmo), uma vez que não vivemos isolados do mundo social. 

Para comprovar isso, basta ver como muitas vezes a própria Igreja (como instituição geral ou como congregação local) recorre a políticos para conseguir algum "favorzinho" especial: atestado de filantropia, legalização de emissoras de Rádio e TV, doação de terrenos, diploma de reconhecimento de utilidade pública, apoio para campanhas de arrecadação de alimentos (Mutirão de Natal, por exemplo), doação de uniformes para Desbravadores, de ônibus para camporis, de fanfarras, etc.

Em nosso País, a política está muito corrompida, e as pessoas de um modo geral não têm consciência suficiente para votarem nas pessoas/propostas que trarão melhor benefício social para a coletividade. E não me venha com a ladainha de que "todo político é ladrão", porque nós sabemos que a generalização é uma injustiça para com aqueles que são, no mínimo, uma exceção a esta regra. 

O mesmo argumento muitos católicos, por exemplo, usam contra os evangélicos dizendo que "todo crente é hipócrita", ou que "todo pastor é ladrão". Isso é verdade? Eu e você sabemos muito bem que não! Tem muito "crente" sincero em sua fé, assim como há muitos pastores que dão a vida por amor às suas ovelhas, como há, também, políticos sérios e honestos, na minha opinião.

Mas tenho percebido que o mal principal da política é exatamente esta falta de discernimento que o cidadão comum tem na escolha de seus representantes, seja no poder executivo, seja no legislativo. Fiquei, por exemplo, impressionado com o que aconteceu nas últimas eleições em duas importantes capitais do nosso País, onde alguns candidatos foram escolhidos por milhões de eleitores: uma candidata foi extremamente debochada com as pessoas que sofriam durante a crise aérea dos aeroportos brasileiros (você deve lembrar!), além de apoiar movimentos homossexuais; outro é também um defensor ardoroso das "alternativas sexuais" e do consumo de drogas ilícitas, como a maconha; foram escolhidos deputados semi-analfabetos, homossexuais militantes, jogadores de futebol "malandros", "mauricinhos" filhinhos de papai, pessoas com "ficha suja", e por ai vai... O que esperar de "representantes"como esses no poder?

Creio que é por isso que Ellen White escreveu tão ferozmente contra a participação de Adventistas com a política, não no sentido de ficarmos ausentes do processo eleitoral, mas com relação à escolha consciente que devemos fazer de nossos representantes:


O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloquência. Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um falso sábado, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos” - Fund. da Educação Cristã, pág. 475 (grifos meus).

Um Adventista que, por troca de algum favor mesquinho (presenciei certa vez uma "irmã" dizer que estava votando em determinado candidato porque este lhe dera uma camiseta e R$ 10,00 para que ela fizesse propaganda para ele no dia da eleição), vota em pessoas com passado tenebroso, e que não representam os anseios cristãos, familiares e humanitários defendidos pela Igreja Adventista, certamente é o alvo da orientação acima destacada do Espírito de Profecia.

Travesti x Adventista

Em uma capital aqui do Nordeste, num eleição passada, aconteceu um fato que me deixou profundamente triste com a maneira como nossos "irmãos" encaram a política. Havia um jovem de uma de nossas igrejas que candidatou-se a uma vaga na Câmara de Vereadores. Este rapaz tem uma longa história de dedicação à mensagem Adventista, sendo Ancião de Igreja, Líder ativo do Clube de Desbravadores, e uma pessoa que demonstra sinceridade e zelo pelas coisas sagradas. Alguns poderiam dizer: "mas ele não deveria se envolver com política, porque é um meio corrupto, e 'uma andorinha só não faz verão'". Não é isso o que diz o Espírito de Profecia:

Querida juventude, qual é o alvo e propósito de vossa vida? Tendes a ambição de educar-vos para poderdes ter nome e posição no mundo? Tendes pensamentos que não ousais exprimir, de poderdes um dia alcançar as alturas da grandeza intelectual; de poderdes assentar-vos em conselhos deliberativos e legislativos, cooperando na elaboração de leis para a nação? Nada há de errado nessas aspirações. Podeis, cada um de vós, estabelecer um alvo. Não vos deveis contentar com realizações mesquinhas. Aspirai à altura, e não vos poupeis trabalhos para alcançá-la” – Fund. da Educação Cristã, pág. 82 (grifos meus).

O propósito de Deus para com os filhos que crescem em nossos lares, é mais amplo, mais profundo, mais elevado, do que o tem compreendido a nossa visão restrita. Aqueles em quem Ele viu fidelidade, têm sido, no passado, chamados dentre as mais humildes posições na vida, a fim de testificarem dEle nos mais elevados lugares do mundo. E muitos jovens de hoje, que crescem como Daniel no seu lar judaico, estudando a Palavra e as obras de Deus, e aprendendo as lições do serviço fiel, ainda se levantarão nas assembléias legislativas, nas cortes de justiça, ou nos palácios reais, como testemunhas do Rei dos reis. Multidões serão chamadas para um ministério mais amplo” – Educação, pág. 262 (grifos meus).

Pelo que vejo nestes e em outros textos, Deus deseja, sim, ter Seus representantes nos locais de concentração do poder político, para poderem testemunhar do Seu amor e da Sua justiça entre os povos.

Porém, aquele irmão que mencionei acima teve apenas 389 votos (inclusive o meu), em um universo de cerca de 400.000 eleitores, muitos dos quais, Adventistas. Somente 389 pessoas (certamente nem todas "irmãs" na fé), acreditaram que o nosso jovem Ancião seria um "trigo" em meio ao joio.

Mas o que me deixou mais "incomodado" não foi nem o fato de que o meu irmão tenha recebido apenas estes votos (porque sei muito bem como é mesquinha e fechada a mente de muitos "irmãos" Adventistas com relação à política, especialmente no Nordeste). O que me chamou a atenção foi o fato de um outro "candidato/a" ter recebido quase 4 vezes mais votos (ao todo foram 1.478). Este candidato é um assumido homossexual naquela capital, que usou sua candidatura para defender os interesses dos grupos LGBTS (Lésbicas, Gays, Bisssexuais, Transsexuais e "Simpatizantes"). Por pouco não foi eleito/a.

Ou seja, os 1.478 eleitores que quiseram ter seu representante homossexual na Câmara Municipal de João Pessoa/PB, estavam bem mais "motivados" do que os milhares de Adventistas da cidade.

É por isso, e apenas por isso, que a política é um meio tão corrupto, imoral e indecente. Exatamente porque nós, sim "nós", não escolhemos pessoas sérias, e depois reclamamos que a política seja tão degradante.

Você pode até não concordar comigo (e sou suficientemente maduro para respeitar isso), e achar que um Adventista não deve se envolver de forma alguma na Política, seja votando ou sendo votado. Respeito, mas discordo! Só espero que você seja coerente o suficiente para não ir atrás destes mesmos corruptos na hora de pedir um "terreninho" para a construção de um templo, ou a doação de cestas básicas para o Mutirão de Natal, ou de um atestado de utilidade pública para a ADRA (para poder receber verbas públicas), ou um "apoio" para os Desbravadores, etc., etc., etc.

Se queremos ser "apolíticos", devemos sê-lo de forma coerente! Ou seja, 100%!

Comece desde já a orar ao Senhor por sabedoria, para escolher os melhores candidatos em outubro... depois não dá para ficar 4 anos só reclamando do "leite derramado".


Comentários

A.K.Renovatto disse…
Apesar de não ser adventista concordo com seu ponto de vista!Temos que desde já orar para depois não ficar lamentando o leite derramado, como disse. Excelente o assunto!Muitos não gostam de Política e nem querem se preocupar, mas é extremamente necessário falar sobre o tema!