Cooperando com o Senhor

"Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos" (Atos 2:44-47).

Estes dias estive lendo um livro que sempre me chamou muito a atenção, aliás, foi um dos primeiros que adquiri quando me tornei Adventista do 7º Dia. Na época, o título usual era "Conselhos sobre Mordomia". Hoje ele é mais conhecido como "Administração Eficaz". Se ainda não o tem, você pode conseguir um exemplar com o pastor do seu distrito.

Este livro me fez ver o quanto eu sou privilegiado em poder cooperar com o Rei do Universo na salvação dos meus semelhantes. Não se trata de "dar dinheiro" para a Igreja, mas de compreender o quanto o plano de Deus é sábio, pois coloca nas mãos do PECADOR o "poder" de espalhar o Evangelho para outros PECADORES, e assim "reduzir a população do Inferno", como um amigo meu costuma dizer (rsrs).

Veja alguns dos textos que mais me impressionaram (lembrando que, como cremos, eles foram escritos sob a orientação do próprio Deus)...

"O povo de Deus é chamado para uma obra que requer dinheiro e consagração. As obrigações que sobre nós repousam trazem-nos a responsabilidade de trabalhar para Deus até o máximo de nossa capacidade" (pág. 35).

"Há apenas dois lugares no Universo onde poderemos colocar nossos tesouros - no celeiro de Deus ou no de Satanás; e tudo o que não é dedicado ao serviço de Deus é contado do lado de Satanás, e vai fortalecer sua causa" (idem).

"Estivesse o amor de Cristo ardendo no coração dos que professam ser Seu povo, e veríamos hoje a manifestação do mesmo espírito. Se tão-somente reconhecessem quão perto está o fim de todo o trabalho em prol da salvação de almas, sacrificariam suas posses com a mesma prontidão com que o fizeram os membros da igreja primitiva" (pág. 41).

"Há outros que fazem o menos que podem. Esses, se não acumulam seus bens, os dissipam, só contribuindo relutantemente com uma pequena parte para a obra de Deus. Quando fazem uma promessa ou voto a Deus, arrependem-se mais tarde, e esquivam tanto quanto o podem do pagamento, se não totalmente. Calculam o dízimo o mais escassamente possível, como se considerassem perdido o que restituem a Deus. Podem as nossas várias instituições sentir-se embaraçadas à míngua de meios, mas continuam portando-se como se não lhes importasse a sua subsistência. E, contudo, são instrumentos pelos quais Deus Se propõe iluminar o mundo!" (pág. 43).

Que Deus maravilhoso!
Louvada seja Sua incompreensível misericórdia!

"Negar a Deus sempre traz maldição. A prosperidade espiritual está intimamente ligada à liberalidade cristã" (pág. 49).

Esta última declaração ficou martelando por muito tempo em minha mente. Por que o meu crescimento espiritual, ou seja, minha fé e consagração, tem que ver com minha disposição em contribuir financeiramente com a Obra de Deus? Não seria isso uma inclinação à salvação pelas obras? Não seria um reflexo da moderna Teologia da Prosperidade?

Com o tempo, e o consequente amadurecimento espiritual, passei a entender melhor a questão. Assim como mencionei acima, não se trata apenas de "dar dinheiro", mas a liberalidade cristã tem que ver com meu interesse pela salvação de almas e pelo avanço do Evangelho neste mundo. É por isso que, quanto mais consagrado eu me tornar, mais disposto serei em colaborar com meus talentos, bens, dons, influência, habilidades, etc., para ver outras pessoas, pecadores como eu, participando da alegria da esperança em Cristo.

Retorno às Origens

Eu costumo pensar que devemos, de alguma forma, retornar ao modelo da Igreja Primitiva, conforme descrito no livro de Atos, se quisermos realmente estar firmes para transpor as últimas situações pelas quais deveremos passar antes de nos encontrarmos com Jesus. Infelizmente, a cada dia que passa, vemos que o espírito da UNIDADE, do COMPANHEIRISMO, da LIBERALIDADE, do AMOR MÚTUO, etc., está cada vez em menor evidência em nossa vida.

Quantas igrejas não gastam fortunas para colocarem um sistema de ar condicionado, bancos acolchoados e luxuosos, forros caríssimos, etc., enquanto que muito próximo, às vezes dentro do mesmo Distrito, existem "irmãos" que não têm nem um teto humilde para se reunirem e adorarem a Deus?!

Quantos membros de igreja não ficam incomodados e relutantes em colaborarem com a manutenção da Obra de Deus, através de seus dízimos e ofertas, mas gastam milhares de reais em carros luxuosos que, sozinhos, dariam para construir mais de um templo em localidades ainda sem presença Adventista?!

Quantos não mantêm casas de praia ou de campo, apenas para eventuais e esporádicos fins-de-semana, enquanto que seus "irmãos" estão sendo despejados por não conseguirem pagar o aluguel?!

Quantos não deixam de colaborar com a manutenção da Obra de Deus, apenas por não concordarem com a maneira como os recursos são administrados pela liderança?!

Quantos líderes (pastores, administradores, etc.), porém, não cometem a incoerência de utilizarem estes recursos dissolutamente, em caros aluguéis e automóveis dispendiosos, fazendo com que a imagem do ministério fique denegrida na mente de alguns irmãos mais sensíveis em sua fé?!

Devemos, urgentemente, retornar às origens deste Evangelho, ou seja, retornar à maneira como nossos primeiros irmãos viviam, considerando tudo como "refugo" (cf. Filip. 3:8 - "fezes" no original grego), para alcançar a glória de abraçar a Jesus!

Não permita que os desejos consumistas modernos, ou o mau exemplo de algum líder eclesiástico, tire de você o privilégio de participar ativamente do avanço do Evangelho neste mundo condenado ao fracasso. Com seus dízimos e ofertas fiéis, Deus espera fazer maravilhas para levar a todo o mundo a graça salvadora do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Chegou a hora, e já passou, de fazermos o nosso MÁXIMO!
Jesus merece!

"Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade" (Atos 4:32-35).

Comentários

A.K.Renovatto disse…
Não sou adventista, mas apreciei muito o texto! Quando se fala sobre dízimos e ofertas, causa desconforto em uns, raiva em outros, mas causa reflexão em outros. Entendo que os dízimos e ofertas são necessários, o problema de causar discórdia, raiva, vêm dessas igrejas que pregam a teologia da prosperidade. Aí causa indignação mesmo: ver pastores ricos, etc e por isso muitos olham torto para esses assuntos de dízimo. Graças a Deus onde congrego não se prega Teologia da Prosperidade e vejo no que os dízimos e ofertas são aplicados. Mas acho revoltante essa teologia "barata", sobre prosperidade que algumas igrejas pregam (não todas, graças a Deus). Nessas igrejas, dízimo (ou trízimo em uma aí de um "apóstolo", absurdo) e ofertas são "barganhas", onde a pessoa dá porque acha que dando tem direito de receber riquezas, curas etc. Que Deus dê discernimento ao Seu povo!