Movimento Reformista... Dissidentes?

Para ajudar no esclarecimento com relação ao que creio do Movimento de Reforma, vou novamente disponibilizar aqui alguns posts que escrevi há alguns anos sobre o assunto.

O que, na minha opinião, é mais gritante no Movimento de Reforma é o que em teologia chamamos de "legalismo", ou seja, o pensamento de que "fazendo" ou "sendo" algo poderemos alcançar o favor de Deus, e garantir a salvação. O legalista acredita que suas obras "justas" têm peso diante do Senhor. Por isso essas pessoas pensam que o vestuário, a alimentação, os esportes, os meios de comunicação, etc., devem ser mantidos na mais rígida padronização, caso contrário perderão a salvação.

Isso é o maior dos absurdos! E foi alvo de boa parte das cartas que o apóstolo Paulo escreveu (por exemplo, Romanos e Gálatas - livros que deveriam ser nosso objeto de estudo por toda a vida).

Não é por deixar de comer carne, ou por usar saias arrastando no chão, ou não frequentar estádios de futebol, ou não assistir TV, ou aparentar uma fisionomia triste e iracunda, etc., que nós garantimos "pontos" na "conta-corrente do céu".

Unicamente a justiça de Cristo é que garante a nossa salvação, pois nós mesmos não podemos oferecer nada para "pagar" o preço dos nossos pecados.

É da prerrogativa do Pai perdoar as nossas transgressões e pecados, porque Cristo tomou sobre Si nossa culpa, aliviando-nos da mesma, nos imputando Sua própria justiça. Seu sacrifício satisfaz plenamente as reivindicações da justiça” – Declaração de Ellen White no Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 6, p. 1.070.

Uma vida de legalismo era a que Lutero, por exemplo, tentava viver antes de Deus lhe abrir os olhos.

Aprofundando-se suas convicções de pecado, procurou pelas próprias obras obter perdão e paz. Levava vida austera, esforçando-se por meio de jejuns, vigílias e penitências para subjugar os males de sua natureza, dos quais a vida monástica não o libertava. Não recuava ante sacrifício algum pelo qual pudesse atingir a pureza de coração que o habilitaria a ficar aprovado perante Deus” – O Grande Conflito, p. 120.

Por uma decretal recente, fora prometida pelo papa certa indulgência a todos os que subissem de joelhos a “escada de Pilatos”, que se diz ter sido descida por nosso Salvador ao sair do tribunal Romano, e miraculosamente transportada de Jerusalém para Roma. Lutero estava certo dia subindo devotamente esses degraus, quando de súbito uma voz semelhante a trovão pareceu dizer-lhe: “O justo viverá pela fé”. Romanos 1:17. Ergueu-se de um salto e saiu apressadamente do lugar, envergonhado e horrorizado. Esse texto nunca perdeu a força sobre sua alma. Desde aquele tempo, viu mais claramente do que nunca dantes a falácia de se confiar nas obras humanas para a salvação, e a necessidade de fé constante nos méritos de Cristo. Tinham-se-lhe aberto os olhos, e nunca mais se deveriam fechar aos enganos do papado.” – Idem, p. 122.

O que me parece (e um Blog é o local onde temos a liberdade de colocar nossas opiniões pessoais) é que os Reformistas (pelo menos os que conheço - e não são poucos!) procuram viver esta vida legalista que Lutero almejava. Eles, por exemplo, fizeram do vegetarianismo, do vestuário, da abstinência no lazer, televisão, etc., "pontos de comunhão", ou seja, requisitos essenciais para alguém se tornar Reformista e assim fazer parte dos "santos remanescentes".

Ao meu ver, o problema está exatamente ai, pois a certeza da salvação é transferida do sacrifício de Cristo (100%) para o "sacrifício" pessoal de cada um. Porém a Bíblia é claríssima em dizer que não temos parte alguma na salvação, e somente através da fé em Jesus é que poderemos nos achegar à presença de Deus, revestidos por Sua completa e eficaz Justiça.

Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” – Rom. 3:24.

Você percebe ai a cegueira do legalista?

Ele pensa que está salvo por "fazer" ou "deixar de fazer" coisas, mas esquece que o pecado é intrínseco ao ser humano, e por isso ninguém é JUSTIFICADO através de obras de justiça própria, senão UNICAMENTE através da fé no sangue do Senhor Jesus Cristo.

"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia..." - Isaías 64:6.

É isso que, pessoalmente, discordo do Movimento de Reforma (seja qual "ramo" for), além de outros grandes equívocos doutrinários (veja ao final da postagem um link com vasto material sobre estes erros).

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O outro lado da moeda.

Quero, porém, deixar claro que não sou favorável ao RELAXAMENTO dos princípios defendidos pelos Adventistas, desde os seus primórdios históricos.

Não sou daqueles que gostam de dizer que "Jesus só quer o coração", e deixam de lado o cuidado com o vestuário, por exemplo, e outros itens que influenciam em nosso testemunho. Você pode dar uma olhada pelo meu blog, e perceberá que eu sou mais da linha "conservadora" em certos assuntos.

Quando Jesus disse àquela mulher adúltera: “Nem Eu tão pouco te condeno; vai...”, Ele estava ao mesmo tempo perdoando a mulher e libertando-a para continuar sua vida. Isto é justificação (é o ato simultâneo de perdoar e promover o pecador arrependido do estado de condenação a “salvo” pela graça de Jesus).
Assim, na justificação, a pessoa recebe o poder habilitador para viver uma vida santificada.E onde estava este poder habilitador de viver uma vida santificada para a mulher do relato de João 8?
Estava na PALAVRA de Jesus: “Vai”. Após ter sido perdoada e promovida, a mulher não deveria mais viver pecando, como antes; por isso Jesus disse: “...e não peques mais”. Este “não peques mais” indicava a nova condição em que ela deveria viver.

Esta nova condição de vida é biblicamente denominada de santificação.

Somos salvos UNICAMENTE através de Jesus para vivermos uma vida de santidade. Porém esta santidade não deve ser usada para "medir" a salvação de ninguém (que é o que os Reformistas costumam fazer, na minha modesta opinião), mas é um alvo que todos os que VERDADEIRAMENTE foram salvos buscarão alcançar. Aliás, um dos espíritos que são expulsos da vida dos salvos é o da "crítica".

Quando somos salvos em Jesus, e temos a certeza do Seu toque divino em nós, o nosso vestuário, a nossa alimentação, as nossas conversas, o nosso trabalho, os lugares que frequentamos, o que fazemos sem que ninguém esteja olhando... tudo... refletirá este PODER transformador em nós.

"E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" - 2Cor. 5:17.

Este tema é profundo e interessante, por isso não se esgotará aqui.
Já falamos sobre ele por várias vezes (por exemplo), e voltaremos a falar nele posteriormente.


Comentários

Andrade da Silva disse…
Olá, obrigado por esse tema. Precisamos orar pelos nossos irmãos reformistas, eles ainda não entenderam que a justiça própria, não garantem a salvação de ninguém. Porém nós Adventistas do 7° Dia, estamos dividido, em cima do muro, quando a justiça de Cristo e a nossa prória justiça. Temos relutado muito em abdicar da nossa própria justiça. É impossível, possuir as duas justiças ao mesmo tempo. Vamos morrer para o "eu" e nos apropriar da justiça de Cristo?
Concurseiro #1 disse…
Prezados, sou reformista por opção. Gostaria de dizer a vcs que vocês não sabem o que dizem... Está escrito que "a fé, sem obras, é morta" e que "cada um receberá o galardão conforme as suas obras"... Entao dizer que dou o coração a Cristo e guardar o domingo está valendo, né? Pra que guardar o sábado, é uma obra humana que não vai fazer diferença nenhuma no dia do juizo? Andemos de shorts curto e comamos cadáveres que no final tudo será perdoado? Creio que vocês não entendem a essência do amor que sentimos por Cristo e por este motivo abandonamos prazeres mundanos... Se saia comprida não for um pré requisito para o céu, também não será um impedimento. Deus não me deixará aqui por que eu uso saia comprida...
Que Deus abra as suas mente para que entendam a complexidade da salvação!!!
Gilson Medeiros disse…
"Complexidade da salvação"?! Ai está o problema!

Não existe "complexidade da salvação", pelo menos não na Bíblia!
faviane disse…
nossa vc caiu no meu conceito! Então conforme vc explicou nesse pobre texto, se eu comer carne de porco (alimentacão) se for me batizar de sunga, e se meu lazer for numa praia de nudismo, posso ser membro da tua ASD? pelo que entendi não tem condições nenhuma que impedem o batismo na ASD. Já que no final das contas Deus perdoa!
Gilson Medeiros disse…
Cara Faviane, creio que você entendeu errado o sentido do texto. Sugiro que o releia.

Quanto às condições que impedem o batismo de alguém na IASD (que, a propósito, não é minha), estão claramente definidos na Profissão de Fé, com base UNICAMENTE na Bíblia, e não na mente de algum legalista enrustido.

Um abraço.
Gilson.

PS.: Não me preocupo com os "conceitos" humanos, apenas com o Divino.
Fatima Oliveira disse…
No Dia em que as Pessoas, esquecerem de si mesmas, e olhar somente a Cristo, não haverá discussão sobre que dia guardar, sobre o que comer e nem o que vestir, deixemos o nosso "EU" de lado e busquemos o Senhor, por que sem Cristo de verdade e de fato na sua vida tudo está perdido. Que Deus Abençõe a Todos.
Elen Silva disse…
Pr. Gilson, fico honrada em ver esses estudos que tiveram a referência ao material do Pr. Benildo Gabriel. Gostaria, se possível, que me enviasse algum contato seu. Desde já agradeço! Elen Silva. elen_373@hotmail.com
Gilson Medeiros disse…
Olá, Elen.
O material do Pr. Benildo é mesmo uma bênção, pois esclarece de forma cabal estas polêmicas doutrinas dos reformistas.

Você pode entrar em contato comigo através do meu e-mail pessoal:
gilson.medeiros@oi.com.br

Um abraço.
Gilson.
Anônimo disse…
Obrigado pelas suas postagens sobre os reformistas, voce, movido pelo Espírito de Deus, me ajudou a sair do meio daqueles fariseus. Sou ex-reformista (agora adventista do sétimo dia) há 3 a 4 meses e ainda tem uma certa perseguiçao contra mim que sou vizinho a uma familia de reformistas, e ao mostrar esses textos para eles, eles me disseram que as datas estavam erradas, que os textos do EP estavam fora do contexto, e o pior de tudo: Quando eu era reformista, meu tio que é adventista perguntou se eu queria fazer uma pregaçao lá em uma ocasiao especial na IASD, eu pensei que se eu fosse os reformistas poderiam achar ruim, entao eu fui perguntar se tinha algum problema, ele disse que nao e começou a falar sobre a IASD ficou falando, falando ate que ele chamou o IASD de babilonia, logo depois do culto (de quarta-feira) eu fui contar ao meu tio ASD, entao ele ficou meio encasquetado, rsrs, e decidio procurar uma defesa em algum site da igreja, que por auxílio de Deus, foi o seu blog, entao eu vi o texto do EP sobre quem chama a IASD de Babilonia, entao fui mostrar esse texto ao reformista, e advinha o que ele disse!
"Eu nunca chamei a IASD de babilonia, eu ate me sinto um ASD, so que excluido dos antigos irmaos"
Imagina minha cara qnd ouvi aquilo.
ele continuou falando ate que disse:
"A IASD tem o mesmo espirito imundo da igreja universal"
Vá entender esse cara...

Mais uma vez, Obrigado pelas suas postagens, e parabens pelo blog.
Anônimo disse…
Olá Pastor Gilson. Suas declarações onde o senhor cita as supostas doutrinas do reformistas carecem de fontes oficiais desse movimento. Por que o senhor não as cita?

A impressão que se dá é que existe alguma história mal contada aí ou o senhor está ignorando a doutrina que o senhor supostamente ataca!
Dôra Miranda disse…
Olá Pr. Gilson, fiquei feliz em ler mais sobre esse assunto, a reforma. Sou adventista e já tinha ouvido várias coisas sobre a igreja reformista, inclusive tenho amigos irmãos reformistas, admiro muitas coisas que lhes são pertinentes, porém o que é mais importante nesse entendimento "reforma", é que ela deveria acontecer dentro da igreja que vive um momento laodiceano, e que deveríamos ouvir o conselho para a igreja de laodicéia, comprar ouro refinado no fogo pra nos enriquecer, vestiduras brancas e etc., e hoje é o dia de santificação, pois a santificação é diária.

Não concordo com o "peque e viva", como muitos reformistas rebatem, porém, sabermos que como a santificação é diária e necessária para alcançarmos a glorificação, devemos reformar nossa vida hoje diante de Deus.

Considerando ainda, o que está profetizado, pois as profecias se referem somente a 7 igrejas, e estamos vivendo na última igreja, e é essa igreja defeituosa que deverá se preparar para a volta de Jesus, não deveríamos sair de nossas fileiras a criar uma nova igreja pq a profecia não aponta uma 8º igreja, senão que a sétima igreja seja revestida pelas vestiduras brancas da justiça de Cristo e eu quero receber essa veste de justiça, entendendo que não depende de mim mesma, mas unicamente pela graça salvadora de Jesus e seu sacrifício na cruz que me dá direito à salvação, e que eu com meu livre arbítrio tenho o direito de escolher se quero aceitar esse sacrifício por mim.
Anônimo disse…
Já li um pouco sobre Reforma, legalismo. Viver no legalismo como uma forma radical no servir a Deus, faz com que pessoas achem que a salvação se dá pelo que se faz, por normas a serem seguidas e o legalismo leva a julgamentos sobre quem não segue mesma linha de raciocínio. O extremo seja no legalismo ou no relaxamento de regras, sempre é perigoso. Quem descarta leis, não segue regras, também está errando. Equilíbrio é palavra-chave para quem quer seguir Jesus. Quando a conversão se dá, a pessoa automaticamente vai mudar mesmo sua alimentação, conversas como bem diz no artigo.