"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" - Prov. 22:6.
É interessante como, muitas vezes, nós lemos e relemos um verso bíblico mas só conseguimos ver nele UM LADO da mensagem. Nossa mente já está tão "bitolada" com relação a alguns temas, que não conseguimos ver o que o autor REALMENTE quis ensinar. Eu poderia citar aqui uma infinidade de versos bíblicos que são mal compreendidos exatamente por este "engessamento" da nossa mente: mulheres caladas na igreja, uso do véu, acender fogo no sábado, a Trindade, a Lei de Deus, dom de línguas, etc.
Nós, cristãos, somos muito tendenciosos neste sentido - só vemos aquilo que queremos ver. Por isso a Bíblia é um livro sumamente especial, e não pode jamais depender de conceitos ou "pré" conceitos humanos.
"Ensina a criança...
É muito comum o uso desse verso pelos pregadores para mostrarem a importância de mantermos nossos filhos na Igreja, desde pequenos, para que eles continuem nos caminhos de Deus quando forem adultos.
Em 99% dos casos, os pregadores dão esta interpretação ao verso de Provérbios: "Se você mantiver seu filho nos caminhos de Deus, tenha certeza que ele será um servo do Senhor para toda a vida".
A Bíblia diz mesmo isso. E eu creio! Mas... ela SÓ diz isso?
Eu quero convidar você a refletir comigo no OUTRO LADO desse verso. Não é nada obscuro ou apócrifo. Está lá, no texto, mas nós não vemos com facilidade.
"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" - Prov. 22:6.
Não diz ai que apenas as crianças que forem ensinadas NO BOM CAMINHO é que não se desviarão dele. Segundo o sábio, se a criança for ensinada no mau caminho, ela TAMBÉM não se desviará dele.
Recentemente, uma emissora de televisão veiculou uma série de reportagens sobre os abusos sofridos por crianças em nosso país. Milhares de meninos e meninas no Brasil e no mundo estão sendo vítimas das mais bizarras atrocidades, e na grande maioria dos casos estas aberrações são causadas por aqueles que as deveriam cuidar e proteger.
Ensina a criança... e mesmo depois de grande ela NÃO SE DESVIARÁ do que aprendeu.
Dentre os que foram entrevistados, um me chamou a atenção. Era um adolescente que expressou de forma clara a maneira como ele foi "ensinado":
"Eu não tenho pena de ninguém nesta vida, pois sei que ninguém terá pena de mim". Sobre este rapaz já pesam dezenas de processos criminais.
São palavras provindas de um coração cheio de mágoas, ressentimentos, frustrações... e ódio - resultado de uma infância de violência, humilhações... falta de amor.
Outro disse que seus pais (?) o obrigavam a pedir dinheiro nos semáforos para eles poderem comprar drogas. O tiraram da escola para isso. E, hoje, o que ele faz? Não se desviou deste caminho... só que agora ele rouba e/ou mata pela droga! Eu ou você podemos ser a próxima vítima do erro que pais assim cometeram com seus filhos... já pensou nisso?!
Como Igreja, nós fazemos algo, mas acho que poderíamos fazer mais... muito mais. Existe o programa QUEBRANDO O SILÊNCIO, mas ele só ocorre 1 vez por ano... e nem todas as igrejas o adotam.
Na minha opinião, uma grande ferramenta que nós temos (e creio que foi o Senhor quem a colocou no coração de nossos líderes do passado) é o trabalho social entre juvenis e adolescentes desenvolvido pelo CLUBE DE DESBRAVADORES.
Se a filosofia de trabalho do Clube, a que originalmente o fez surgir, fosse seguida em todas as nossas congregações, quanto milhões de crianças seriam resgatadas desta vida de crimes e falta de orientação familiar?!
Infelizmente, há 2 problemas que dificultam grandemente o trabalho dos Clubes de Desbravadores em nossas igrejas, hoje:
1. Líderes e diretores que transferem para o Clube a frustração de não terem seguido carreira militar. Há muitos que gostariam de ter sido Sargentos, Capitães, Brigadeiros, Generais... e como não conseguiram (na maioria das vezes por completa ausência de méritos físicos ou escolares), fazem do Clube o seu "mini-exército" particular. São exímios praticantes de ordem unida, por exemplo, mas sempre ficam em último lugar no quesito "consagração". Quando isso ocorre, estes líderes nada mais são do que Chefes de Escoteiro com um outro uniforme. Perde-se a visão salvífica e espiritual que deve ser o objetivo primário de todo Clube de Desbravadores ("Salvar do pecado e guiar no serviço").
2. Outra "pedra de tropeço" para o trabalho dos Clubes em nossas igrejas é a incompreensão com que muitos Anciãos, Diáconos, demais líderes... e até pastores, têm para com este importante ministério. São pouquíssimos os adultos que se interessam em estudar um pouco sobre a Psicologia do desenvolvimento das crianças, e como não as entendem, querem que elas se comportem como adultos em miniatura. Nós mesmos, adultos que somos, não nos comportamos como deveríamos.. como, então, cobrar isso dos pequenos?! Resultado: grande parte das crianças que adoravam recitar os versinhos na escola sabatina, crescem, e perdem o interesse pelas coisas "eclesiásticas"... Ensinaram a elas um Deus muito carrasco e incoerente.
Entendo perfeitamente que muitos líderes de igrejas não gostam do Clube porque, no passado, este já teve um diretor frustrado, como o que mencionei acima. Por isso, grande parte da culpa é mesmo nossa, Líderes de Desbravadores, que não soubemos passar para a Igreja a beleza e sublimidade de ideais que nossos pioneiros idealizaram para este ministério com crianças e adolescentes.
"Ensina a criança no caminho em que deve andar..."
Só podemos ensinar uma das 2 opções universais:
- o caminho BOM
- o caminho MAU
Qual desses dois caminhos a sua congregação está ensinando às crianças da comunidade onde vocês estão inseridos?
Se sua igreja (como templo) deixasse de existir hoje, as crianças do seu bairro sentiriam falta dela?
Fiquei conhecendo através do ADVIR, um lindo trabalho idealizado por um irmão Adventista, o Dr. Milton Afonso. Trata-se do EDUCRIANÇA. Clique e conheça mais esta ideia que Deus implantou no coração de um de Seus filhos queridos.
Muitos estão fazendo alguma coisa... faça sua parte você também, e ajude a mudar a vida de uma criança!
"E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. (...) E quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe. Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar" - Mateus 18:3-6.
Comentários
Mas a questão principal é o bom exemplo!
Meu pai era teólogo, fazia cultos familiares todos os dias! (não conheço nenhuma família adventista que faça isso hoje)
Pregava na igreja e dava estudos pra todo mundo que encontrava.
Mas eu odiava ter que fazer cultos todos os dias com meu pai; ele era um homem duro ,ignorante e desobediente às leis.
Na primeira oportunidade eu sai da igreja e fui "curtir a vida o mundo". E pior, não tenho saudades do meu pai.
Hoje estou na Igreja Adventista e vejo a maioria dos jovens distantes da Igreja e de Deus. O que está acontecendo?
A questão é que nossos pais são a imagem de Deus para nós. E o relacionamento que tivemos com nossos pais vai refletir no relacionamento nosso com Deus. (até hoje tenho dificuldades de relacionamento com Deus)
E mais, pais que são ignorantes, agressivos, desobedientes as leis do Estado e às leis de Deus, dificilmente terão filhos obedientes à leis. Ou terão filhos que serão adventistas fajutos como eles são, apenas uma figueira com linda folhagem.
Quer que seus filhos andem no caminho de Deus?
Ande no caminho de Deus de mãos dadas com eles!
Deus tenha misericórdia de nós!
Fazendo uma análise depois de ler esse texto, fiquei triste por um lado, percebo que tenho alguns "traços" não muito legais, herdados de como fui ensinada (não por minha mãe, mas por outras pessoas que me criaram). Percebo que tenho mais defeitos que qualidades e isso é talvez pelo caminho que fui ensinada por "parentes"...
Por outro lado, me deu esperança de que se ensinar meus filhos no caminho bom, eles provavelmente irão permanecer nele e mesmo que se "desviem", eles saberão o caminho certo e poderão retornar a ele.
Acho que essa foi a matéria que mais gostei até agora... porque falou comigo de um jeito especial e "abriu" meus olhos. Caí num erro recentemente e agora vejo que eu tenho que dar exemplo bons também porque os filhos nos observam (mesmo que a gente pense que não).