Trump e o apoio a Isarel

O novo presidente eleito dos Estados Unidos já deu declarações de que será um grande "defensor de Israel".

Apesar de os Americanos defenderem a liberdade, nos últimos anos, o mundo tem assistido a muitos momentos de guerra e mortes envolvendo Israel e seus vizinhos palestinos.

Praticamente todas as maiores nações do mundo já se pronunciaram contra a atitude bélica de Israel, considerando-a "desproporcional" (centenas de civis mortos) em relação à provocação palestina do Hamas há alguns anos, por exemplo.

Meu objetivo, hoje, não é discutir quem está certo: se judeus ou palestinos. Também não pretendo embarcar na paranoia dos que usarão os púlpitos para defenderem novas interpretações apocalípticas sobre o governo de Trump.

Quero ajudar meus leitores a entenderem a reação AMERICANA, que passará a ser encabeçada por Trump, acerca do apoio a ISRAEL e à defesa de Jerusalém. Afinal, os Adventistas creem no importante papel que os EUA terão nos últimos acontecimentos religiosos deste mundo (cf. Apoc. 13).

Os Estados Unidos já foram acusados, na pessoa do presidente Obama, de "passarem a mão na cabeça" de Israel, e apoiar os israelenses em seus momentos de guerra. Sempre que o Estado Judeu se levanta para defender seu território com uso do seu extraordinário poder militar, os Estados Unidos estão entre os que ficam do lado da nação.

Por que isso acontece? 
Por que os Estados Unidos são parceiros tão "íntimos" do Estado de Israel? 
Será que há algo de "religioso" nesta atitude americana?

Para respondermos a estas perguntas, e entendermos a atitude dos americanos com relação a Israel, precisamos compreender um ponto crucial...

O Dispensacionalismo

Os Estados Unidos da América são a maior nação protestante do mundo. Isso explica porque a maioria dos principais autores evangélicos são de lá (exemplos: Max Lucado, Jaime Kemp, Lee Strobel, Rick Warren, etc.). Isso pode ser visto na própria Casa Publicadora Brasileira, onde grande parte dos livros publicados atualmente são de autores americanos.

Quase todos os grupos evangélicos creem que Israel ocupará um espaço importantíssimo no cenário religioso dos últimos tempos. Estas pessoas acreditam em uma corrente teológica chamada de "dispensacionalismo". Há alguns anos esta teoria se reavivou através de uma série de livros, que posteriormente viraram filmes: "Deixados Para trás" ou "Left Behind"

Os Manuais de Escatologia (parte da teologia que estuda os acontecimentos finais da História Mundial), esclarecem que os dispensacionalistas afirmam que a igreja não tem nenhuma relação com a nação de Israel na profecia. E que o fato de Israel ainda ser referida como nação depois do estabelecimento da igreja, e de que o termo "judeu" continue a ser usado no Novo Testamento em referência a um grupo de que não a igreja, mostra que os gentios não suplantaram Israel no plano de alianças de Deus. Os dispensacionalistas afirmam que o Israel natural e a igreja são contrapostos no Novo Testamento.

Ou seja, para os dispensacionalistas, a nação de Israel não deixou de ser, definitivamente, o povo de Deus. Portanto, os judeus ainda têm uma posição de destaque no Plano da Redenção, e em um futuro próximo ocuparão seu lugar influente no mundo.

Por que eles pensam assim?

A igreja, na visão dispensacionalista, é apenas uma manifestação temporária (um "parêntese", como alguns preferem dizer), ou seja, uma vez que a nação de Israel rejeitou o Messias e a oferta do Reino, Deus interrompeu o plano com a nação e usou o plano do "mistério" com a igreja. Este plano será concluído, segundo eles, antes que Deus retome Seu trato com a nação de Israel.

Na visão dispensacionalista, aquela "última semana" da profecia de Daniel 9 ainda está no futuro, ou seja, no tempo de Jesus foram cumpridas 69 das setenta semanas determinadas sobre o povo judeu. Com o surgimento da Igreja Cristã, houve uma interrupção temporária da profecia. No futuro, quando os últimos eventos estiverem para acontecer, esta 70ª semana se cumprirá. Um fato curioso é que, nesta parte da profecia, os evangélicos aceitam o princípio dia=ano, mas rejeitam este mesmo princípio com relação à profecia dos 2300 anos de Dan. 8:14. Vá entender a incoerência!

Eles creem que durante um período de 7 anos, logo antes da volta de Jesus, ocorrerá o arrebatamento secreto da igreja, o surgimento do anti-cristo e a batalha do Armagedon. E a reconstrução do Templo em Jerusalém será o ponto alvo, incentivada pelo próprio anti-cristo.

Conclusão

É exatamente devido a esta visão equivocada sobre as profecias bíblicas do AT, que eram condicionais à aceitação do Messias, o que Israel não realizou como nação, que os americanos juntam-se aos milhões de evangélicos no mundo todo que sempre olham para os conflitos envolvendo Israel como prenúncios escatológicos.

Os Adventistas creem que o plano de Deus envolve a todos, inclusive judeus, mas é imprescindível que aqueles que desejam fazer parte do Reino de Deus adquiram o legítimo "passaporte" para este Reino: a graça salvadora de Jesus Cristo.

Sem Jesus, não há judeu nem gentio que herde a salvação eterna.


"E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa" (Gál. 3:29).

"Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa" (Rom. 9:8).

"a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho" (Efés. 3:6).



Sugiro a leitura dos seguintes materiais, para complementação dos estudos sobre este tema:

- Hans K. LaRondelle. O Israel de Deus na profecia. Editora Unaspress.
- _______. Compreendendo Israel na profecia. Revista Ministério, Nov-Dez 1997.

O livro "O Futuro", que é uma coletânea do que há de mais atual em estudos escatológicos na Igreja Adventista (publicado pela Unaspress) também é ótima fonte de estudos sobre estes eventos finais.


Comentários

Gilberto disse…
Em primeiro lugar boa noite!
Também sou professor de História, porém me considero um leigo, sobre esse assunto.
Meu comentário sobre esse assunto, é no propósito de que vc aumente mais o assunto, acrescente mais.
Eu sou da idéia de que realmente tem algo errado nessa visão escatológica da maioria do povo dito cristão.
Visto que Jesus irá voltar (penso assim, na verdade me esforço nisso), é mais coerente que se creia como está nas profecias, ou seja de forma corpórea, como afirma as escrituras, resgatando as figuras que aqui se encontrar, e que deixarar a terra desolada.
Agradeço a atenção!
Gilberto G. Oliveira
betoca@hotmail.com
Gilson Medeiros disse…
Caro prof. Gilberto, obrigado pelo comentário.

Aqui mesmo no blog eu já coloquei alguns textos que ampliam melhor o estudo sobre a Volta de Jesus. O senhor poderá encontrá-los através da lista de "assuntos", no final desta coluna à esquerda.

Um abraço.
Felipe Franco disse…
Muito bom o texto Gilson, esclareceu-me algumas dúvidas.
Que Deus continue guiando-te!
Rodrigo disse…
Caro prof. Gilson,

Na realidade, o motivo para os EUA apoiar o Estado de Israel, esta no fato de o centro da cultura multimilionária judaica-ortodoxa estar localizada na cidade de Nova York. Esta parcela de judeus, mesmo com a criação de Israel, continuaram nos Estados Unidos.

Os judeus, com seu enorme poder econômico, interferem na Economia do país do Tio Sam, sendo que diversas empresas multinacionais e bilionárias americanas pertencem a judeus (uma simples pesquisa no google comprova este fato). Várias corporações são comandadas por judeus.

Você sabe o por que do Estado de Israel ser um país rico e desenvolvido atualmente?

Na sua criação, judeus do mundo inteiro, principalmente os ortodoxos de Nova York, arrecadaram cerca de 51 bilhões de dólares e injetaram em Israel!

Os Estados Unidos, como você sabe, enfrenta desde 2008 uma crise econômica sem precedentes e, obviamente, o fato dos EUA apoiar as guerras de Israel tem um motivo econômico. Você acredita que os EUA deixaria de apoiar um de seus principais aliados econômicos?

Sabe Gilson... o que move o mundo atualmente é a Economia. Tenha certeza absoluta que esta terá grande influência no último conflito.


Abraços!
Anônimo disse…
Rodrigo o que vc disse é uma verdade, porém esta verdade é justamente motivada pela vontade de Deus. Tudo faz sentido!