Os Adventistas e o Aborto - quando a alma "entra" no ser humano?

Esses dias, com a temática do aborto em evidência, após declarações de um possível pré-candidato à Presidência da República, a Gabi me perguntou o que os Adventistas creem sobre o ABORTO.

Falei para ela que há um documento oficial sobre o assunto (veja aqui), e o resumi nos pontos principais.

Da nossa conversa, lembrei que há alguns anos a BAND promoveu um interessante debate sobre o tema do aborto. Participaram, além dos jornalistas da emissora (mediados por Joelmir Beting), um ginecologista defensor do aborto em situações específicas, e um teólogo católico, evidentemente contrário à prática do aborto em qualquer situação.

Em determinado momento do debate, o professor de Teologia católica defendeu a posição da sua igreja, dizendo que a "alma" é "introduzida" no ser humano logo após a fecundação. Ou seja, as primeiras células que formarão o novo ser são "preenchidas" do "recheio espiritual", a qual eles chamam de "alma".

Esta declaração, obviamente, causou uma reação do médico (Dr. Elsimar Coutinho), o qual se disse confuso com o fato de entrar uma alma por ocasião da fecundação, pois, segundo ele, as células vão se multiplicando até atingirem um certo momento, em que começam a se "especializar", ou seja, deixam de ser células iguais e passam a formar os diferentes órgãos, sistemas, estruturas, etc., do nosso corpo.

"Quantas almas entram?", perguntou o médico.

O dileto professor de Teologia não conseguiu, a partir daí, manter a lógica de sua argumentação, pois ele ficou em evidente "saia-justa" ao declarar a "entrada da alma" no embrião em formação. Para "explicar", como sempre, ele se utilizou mais de Filosofia do que de Teologia, ou seja, deixou a Bíblia de lado.

Eu assistia ao programa, e fiquei muito contente em ver, mais uma vez, como a fé Adventista do 7º Dia é coerente, em todos os sentidos.

Os Adventistas creem conforme as Escrituras, ou seja, que a alma não é um ser independente, imortal, "introduzido" no ser humano por ocasião do nascimento, como defendeu, fragilmente, o teólogo católico na BAND.

Cremos conforme a Bíblia, ou seja:

1. Que todos somos "almas viventes" (cf Gên. 2:7)
2. Que Deus constituiu o ser humano de duas partes (pó e fôlego), sem a introdução de outro "ser" dentro dele. A alma nada mais é do que a respiração, a consciência de vida que Deus concedeu ao homem (idem)
3. Que a alma não é imortal, mas que ela pode morrer (cf. Ezeq. 18:4)
4. Que depois da morte, o homem não tem mais nenhum contato com este mundo (cf. Ecles. 9:5-6)
5. Que os mortos não estão no Céu, pois se lá estivessem, certamente estariam louvando a Deus (cf. Sal. 115:17)
6. Que somente Deus é imortal (cf. 1Tim. 1:17; 6:16)
7. Que a morte nada mais é do que um sono sem sonhos (cf. João 11)
8. Que os mortos serão trazidos à vida por ocasião da ressurreição, seja a da VIDA ou a da CONDENAÇÃO (cf. João 5:28-29)
9. Que não existe nem purgatório nem inferno de fogo, ardendo eternamente.

Aproveite e relembre um pouco sobre o ensinamento Adventista acerca do estado dos mortos (clique aqui)

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Os Adventistas, como sempre, não ficam constrangidos, sem argumentos, como aconteceu com o professor de teologia da Igreja Católica, em rede nacional de televisão. A fé ASD se baseia na Bíblia, e nela só. Por isso, podemos sempre recorrer às Escrituras para fundamentar a esperança da ressurreição.


"antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós" (1Pedro 3:15).





Comentários

Anônimo disse…
Gilson,


Faltou a passagem bíblica no ítem nr 9, do assunto em questão, ou seja, "9 - Que não existe nem purgatório nem inferno de fogo, ardendo eternamente".

Por favor passe-me a passagem.

Cordialmente

Francisco Alberto
Gilson Medeiros disse…
Caro Francisco, este item não se baseia em uma passagens, mas em várias.

Por isso eu sugiro, logo em seguida, que os leitores dêem uma lida num vasto material sobre o tema, já disponibilizado aqui no blog.

Qualquer dúvida adicional, meu e-mail está à disposição.

Um abraço.
Quando eu estudo a Bíblia e vejo outras doutrinas de outras denominações cada vez mais tenho certeza de estou na religião certa, não por ser Adventista, mas sim por ela se basear unicamente na Bíblia como regra de fé. Vejo que um engano muito grande está se aproximando e ele "enganará se possível até os escolhidos", por isto devemos e temos a obrigações de nos basear somente na Bíblia.

Fique com Deus!!!
Gilson Medeiros disse…
Caro Leandro, obrigado pelo oportuno comentário.

Um abraço.
Unknown disse…
concordo com tudo isso...
mais afinal o aborto é ou nao é
crime aos olhos de DEUS(dependendo da
ocasiao)...??
Rosiane Oliveira disse…
Lindo post que nos evidencia ainda mais que a Bíblia e somente ela deve nos guiar, e se estamos com ela, estamos com a verdade. Parabéns.. ^^' ;D
james disse…
Olá Prof..

As vezes eu me pergunto, porque nunca nesses programas tem um Adventista ?

Pr sempre tem Pr de outras denominaçoes e nunca um Adventista, e porque sera q sempre quando tem um Pr la ele quase nunca usa a biblia, fica sempre em debates e no maximo que usa a biblia usam 2 texto ?

Eu nao conheço muito, porem vejo cada absurdo dito as vezes nesses debates.

Afff

As pessoas me perguntam pq vc é Adventista ?
A respota é simples pq vejo nesses debates que a Adventista é a igreja mais proxima da biblia.

Deus seja louvado
Gilson Medeiros disse…
Caro James, obrigado pelo comentário.

Um abraço.
Gilson.
Gilson Medeiros disse…
Querida Rosiane, obrigado pelo comentário.
Vinde de uma pessoa tão especial como você, suas palavras me deixam muito feliz.

Um abraço ao nosso amigo Sobral.

Gilson.
Anônimo disse…
Desculpa, mas não ficou claro a questão sobre o aborto em si. Apenas sobre a vida após a morte. Poderia fazer um comentário mais profundo sobre a interrupção da gravidez? Grata!
Gilson Medeiros disse…
Cara Anônima, quanto ao aborto os Adventistas entendem que não pode ser tratado com a irrelevância com que a sociedade atual trata temas desta natureza. Nenhuma jovem tem o direito de praticar um aborto, se esta concepção tiver sido fruto de "aventuras sexuais" irresponsáveis e meramente para satisfazer o "prazer do momento".

Sugiro que você leia o excelente material sobre o assunto, que consta no livro "Declarações da Igreja", da Casa Publicadora Brasileira (www.cpb.com.br).

Para ajudar, dê uma lida no que está no seguinte link:
http://setimodia.wordpress.com/2008/03/02/a-posicao-da-igreja-adventista-quanto-ao-aborto/

Um abraço.
Gilson.
Anônimo disse…
Gilson, tenho uma dúvida, para onde vão as pessoas que morrem? O espirito retornará para o corpo de na volta de Jesus?

Obrigada desde já

Paula
Gilson Medeiros disse…
Olá, Paula.

Segundo o que lemos na Bíblia, o espírito é o fôlego da vida. Portanto, quando a pessoa para de respirar, ela morre.

A "alma" não vai para nenhum lugar por ocasião da morte. O corpo fica adormecido, aguardando o dia da ressurreição, sejam para a vida ou para a morte eterna.

Um abraço.
Gilson.
A.K.Renovatto disse…
Li o artigo sobre o aborto, embora o artigo tenha focado em outra questão sobre a questão da alma, minha pergunta não é sobre "alma". Se possível gostaria que o Pr Medeiros me esclarecesse um ponto que me deixa em um "impasse"
A princípio eu sou contra aborto, mas quando me aprofundo em certas questões, começo a ficar em dúvida de como me posicionar como cristão sobre o assunto. Por exemplo, no caso de estupro, onde a mulher engravida, no caso de bebês anencéfalos ou mesmo no caso do Zika Vírus (onde já está aberto o debate sobre o aborto) seria errado um cristão ser a favor do aborto nesses casos específicos que citei?
Grato.
Gilson Medeiros disse…
Prezado A.K, realmente o aborto tem se tornado um tema bastante discutido nos meios religiosos da atualidade, principalmente em razão do aumento do movimento feminista, que defende, entre outros pontos, a propriedade exclusiva da mulher sobre seu próprio corpo.

Uma vez que a Bíblia não trata, especificamente, do tema, pelo menos não da maneira como nossa mente ocidental esperaria (do tipo: "pode fazer aborto", ou "não faças aborto"), temos que entender alguns princípios sobre esta questão, tomando por base o Evangelho:

1. O aborto não pode ser utilizado como método de controle de natalidade;

2. O ideal de Deus para os seres humanos atesta a santidade da vida humana, à imagem de Deus, e exige o respeito pela vida pré-natal. Contudo, as decisões sobre a vida devem ser feitas no contexto de um mundo caído;

3. De forma prática e tangível, a Igreja como uma comunidade de apoio, deve expressar seu compromisso de valorizar a vida humana;

4. A Igreja não deve servir como consciência para os indivíduos; contudo ela deve prover orientação moral. Os abortos por motivo de controle natalício, escolha do sexo ou por conveniências, não são justificados pela Igreja. Contudo, as mulheres, às vezes, podem deparar-se com circunstâncias excepcionais que apresentam graves dilemas morais ou médicos, tais como: ameaça significativa à vida da mulher gestante, sérios riscos à sua saúde, defeitos congênitos graves cuidadosamente diagnosticados no feto e gravidez resultante de estupro ou incesto. A decisão final quanto a interromper ou não a gravidez deve ser feita pela mulher grávida após um devido aconselhamento. Ela deve ser auxiliada em sua decisão por meio de informação precisa, princípios bíblicos e a orientação do Espírito Santo. Por outro lado, estas decisões são melhores feitas dentro de um contexto saudável de relacionamento familiar;

5. Os cristãos reconhecem que sua primeira e principal responsabilidade é para com Deus. Buscam o equilíbrio entre o exercício da liberdade individual e sua responsabilidade para com a comunidade da fé, a sociedade como um todo e suas leis. Eles fazem sua escolha em conformidade com a Escritura e as leis de Deus em vez de com as normas da sociedade. Assim, qualquer tentativa de obrigar as mulheres, quer a manter ou a interromper a gravidez, deve ser rejeitada como violação à liberdade pessoal.

Em suma, em algumas situações extremas (como as que você mencionou), deve-se dar à mulher, mediante sábio aconselhamento, o direito de decidir se deseja ou não manter a gravidez em seus primeiros estágios. A Bíblia não deve ser usada para obrigar tais mulheres a manterem uma gravidez que possa lhes trazer dor e sofrimento para o resto da vida.

É um tema polêmico, delicado, e que exige muita sabedoria e amor cristão em suas considerações.

Para complementar, sugiro que você veja os seguintes materiais:

http://noticias.adventistas.org/pt/noticia/institucional/lider-sul-americano-esclarece-posicao-adventista-sobre-aborto/

http://novotempo.com/namiradaverdade/nao-mataras-o-feto-ex-2013/

Um abraço
Gilson.
A.K.Renovatto disse…
Obrigado pelo esclarecimento e materiais indicados, Pr Medeiros. Deus o abençoe e quero parabeniza-lo pelo ótimo trabalho no blog, tenho encontrado em momentos difíceis, um lugar onde fortalecer a fé, mesmo em meio a "tempestade".