O estado dos mortos


Nesta última semana tivemos que nos deparar com o falecimento de algumas pessoas de forma bem trágica. As causas foram variadas, mas a dor das famílias se revela semelhante. 

No cemitério, costumam surgir expressões do tipo: "Ele agora está melhor que nós, porque já está na presença de Deus", "Maria vai guiá-lo pela mão até Jesus", "nossas preces vão iluminar o caminho dele até a glória", etc.

Um dos ensinamentos bíblicos mais confortadores e maravilhosos para os cristãos é o que assegura a ressurreição da vida, para os que morreram em Cristo (cf.
Jo 5:28-29; 11:15-27). Aqueles que entregam suas vidas aos cuidados amorosos e redentivos de Cristo, e passam pela morte antes de Sua vinda, serão ressuscitados e elevados ao encontro do Senhor nos ares, ou seja, nas nuvens (cf. 1Ts 4:15-17; 1Co 15; Mt 24:30; Mc 13:26; Ap 1:7). Esse ensino é tão maravilhoso que o apóstolo Paulo orientou a Igreja a consolar-se mutuamente com tais palavras, especialmente nos momentos de luto (cf. 1Ts 4:17).

A IASD crê que os mortos não recebem imediatamente após a morte a sua recompensa eterna.

Uma vez que os mortos em Cristo serão ressuscitados por ocasião da vinda de Cristo (cf. 1Ts 4:15-17), fica evidente que a recompensa não é dada imediatamente após a morte, como acreditam muitos dos cristãos atuais, equivocadamente.

Seria muito estranho alguém que morre hoje e já vai para a “glória”, ou “seio de Abraão”, por ocasião da volta de Cristo ter que retornar ao corpo para ser ressuscitado e voltar novamente para a “glória”. É uma confusão que a Bíblia não sanciona. Por isso, a Igreja Adventista não acredita que uma pessoa vá imediatamente para o céu ou para o inferno, por ocasião da morte, conforme veremos melhor nos tópicos seguintes.

A IASD crê que a morte é um sono, como o próprio Jesus ensinou.

A Bíblia ensina claramente que a morte é como um “sono”, no qual “dormimos” até o dia da ressurreição (cf. Jo 11). Não é bíblico o ensinamento de que o homem possui uma “alma” indestrutível e imortal, que “sai” do corpo por ocasião da morte.
Quando o Senhor formou o homem do pó da terra, Ele soprou em suas narinas, e o homem passou a ser “alma vivente” (cf. Gên. 2:7; 1Co 15:45). É uma “equação” natural:

PÓ DA TERRA + FÔLEGO DE VIDA = ALMA VIVENTE

Por ocasião da morte, cessam todos os sentimentos, desejos, mágoas, etc. A pessoa não mais “tem parte” com nosso mundo, ou seja, não há como haver qualquer comunicação entre vivos e mortos, porque estes estão “dormindo” (cf. Ecles. 9:5-6). Deus sabe muito bem dessa impossibilidade de comunicação entre vivos e mortos, por isso o Senhor proibiu Seu povo de tentar tal “comunicação”, para não serem enganados pelos espíritos dos demônios (cf. Lv 19:31; 20:6; 1Sm 28:7-25; Is 8:19; 1Tm 4:1; Ap 16:14). Como os mortos estão dormindo, e não possuem "almas" que ficam vagando por ai, quem se apresenta "do além" para se comunicar com os vivos são os espíritos demoníacos.

Em vários outros locais a Bíblia sempre se refere à morte como a um sono. Por exemplo:
a) Sal. 115:17 – já que os mortos não vão imediatamente para o céu, é evidente que eles não podem louvar ao Senhor.
b) Mt 9:24 – se Jesus sabia que a menina estava morta, como os parentes já haviam constatado, por que Ele falou que ela estava “dormindo”? É claro que é porque Jesus comparava a morte a um sono (cf. Mt 27:52; Mc 5:39; Ef 5:14).
c) 1Co 15:17-18, 51-53 – o apóstolo Paulo também é muito enfático em dizer que os mortos estão apenas “dormindo”.
d) 2Pe 3:4 – os demais discípulos também compreendiam que a morte é um sono.

Não há como fugir do claro ensino bíblico acerca da morte. Ela nada mais é que um sono, do qual todos um dia acordarão, seja na ressurreição da vida, seja na do juízo (cf. Jo 5:28-29). Por isso, não podemos acreditar em doutrinas equivocadas, tais como: purgatório, inferno eterno, reencarnação, espiritismo, assombração, mediunidade, etc. Nada disso tem base na Bíblia, mas sim no paganismo, que sempre acreditou na imortalidade da alma e, através do pensamento grego, principalmente, conseguiu infiltrar-se no Cristianismo.

O renomado teólogo não-adventista, Oscar Cullmann, também reconheceu que o ensino dos grandes filósofos Sócrates e Platão (que disseminaram a heresia da imortalidade da alma) não pode, de forma alguma, ser harmonizado com o do Novo Testamento, pois este trata da ressurreição, e não da imortalidade da alma.

A Bíblia declara que apenas Deus é imortal (cf. 1Tm 6:16), e somente na ressurreição é que Ele dotará os salvos com este dom (cf. 1Co 15:50-54). A alma, por outro lado, é mortal, pois, como vimos, nada mais é do que o fôlego de vida que o Senhor concede a todo ser vivo (cf. Ez 18:4, 20; Gên. 2:7).

Os Adventistas saem na frente no debatido tema da “vida após a morte”, pois preferem permanecer com o que a Bíblia ensina, a confiar em doutrinas e especulações meramente humanas e pagãs, como o é a imortalidade natural da alma (cf. Hb 9:27).

Comentários

Ivan Taveira disse…
Olá Prof. Gilson. Fico feliz em poder participar do seu blog. Sua iniciativa é louvável e uma grande ferramenta de evangelização. Sou Adventista há dois anos. Não tenho dúvidas quanto a minha fé. Tive pesquisando um site evangélico e eles pregam sobre a imortalidade da alma citando 1 Tessanolicenses 5:23. O que realmente o apóstolo Paulo se referiu ao citar corpo, alma e espírito? Estou certo em afirmar que se trata: corpo = corpo físico, alma = intelecto, espírito = dom de Deus?
Que Deus o abençoe!
Gilson Medeiros disse…
Caro Ivan, fico feliz em ajudar vc com suas dúvidas doutrinárias.

Segundo o Comentário Bíblico Adventista, Paulo não apresenta em 1Tess 5:23 um estudo da natureza do homem, mas sim está assegurando a seus conversos que nenhuma parte de suas vidas ficará sem receber a influência do poder santificador de Deus. A Bíblia parece falar geralmente de uma divisão do homem em duas partes: corpo e alma, ou corpo e espírito (ver Mat. 10:28; Rom. 8:10; 1Cor. 5:3; 7:34). Estas ideias se combinam nesta passagem para pôr ênfase em que nenhuma parte do ser humano deve ser excluída da influência da santificação.

É possível ver um significado especial nesta tripla divisão que faz Paulo.

Por "espírito" (do grego PNEUMA) pode-se entender o elemento superior de inteligência e pensamento com que está dotado o homem, e com o qual Deus pode comunicar-se mediante Seu Espírito (cf. Rom. 8:16). Mediante a renovação da mente pela ação do Espírito Santo, o indivíduo é transformado à semelhança de Cristo (Rom. 12:1-2).

Por "alma" (do grego PSIQUE) pode-se entender - quando se a
distingue de "espírito" - a parte da natureza do homem que se expressa mediante os instintos, as emoções e os desejos. Esta parte de nossa natureza também pode ser santificada. Quando a mente, por meio da obra do Espírito Santo, fica em harmonia com a mente de Deus e a razão santificada domina à natureza inferior, os impulsos - que de outra maneira seriam opostos a Deus - submetem-se à vontade divina. Então o cristão humilde pode alcançar uma estatura tal de santificação, que quando obedece a Deus em realidade está realizando seus próprios impulsos. Deleita-se em cumprir
a vontade de Deus. Tem a lei de Deus em seu coração (ver Sal. 40:8; Heb. 8:10).

O significado de "corpo" (do grego SOMA) é evidente: é a estrutura corporal - carne e sangue e ossos - que é regida ou pela natureza superior, ou pela inferior. Quando reina a mente santificada, não se abusa do corpo; pelo contrário, a saúde prospera. O corpo se converte em um instrumento
adequado por meio do qual o cristão ativo pode servir a seu Professor. A santificação que não inclui o corpo, não é completa. Nossos corpos são templos de Deus. Devemos mantê-los sempre santos para glorificar a Deus neles (1Cor. 6:19-20).

Observe, Ivan, que os que costumam usar este verso para defender a heresia da imortalidade da alma, não levam em conta este terceiro "aspecto" da santificação - o do corpo. Comem e bebem de tudo, sem nenhuma consideração para o "templo" no qual o Espírito Santo deseja habitar.

Mais uma vez se demonstra que a fé Adventista é uma das mais coerentes, pois não "fecha os olhos" para as partes da Bíblia que não convém, na visão egoísta e desobediente de muitos professos cristãos de hoje.

Um abraço.