Fariseu ou Publicano: o que tenho escolhido ser?

Há um relato bíblico, narrado pelo próprio Jesus, que nos faz pensar sobre a maneira de Deus agir na vida do pecador, em especial sobre o nosso "conceito" de salvação e vida santificada.

"Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado" (Lucas 18:8-14).

Jesus utilizou dois personagens bem antagônicos: um FARISEU e um PUBLICANO. O primeiro odiava o segundo, por considerá-lo "impuro" e traidor, pois os publicanos eram judeus que trabalhavam para os romanos, normalmente em funções "públicas" - cobrar impostos, por exemplo - (por isso "publicano").
 
Mas, novamente, Jesus procura mostrar o quanto a religião meramente exterior e baseada nas obras próprias (legalismo) é inoperante diante de Deus. Enquanto que o fariseu baseava sua "importância" naquilo que fazia de "bom", o publicano se achegava a Deus com a certeza de sua "impotência", e amparado unicamente na misericórdia divina para a sua vida.

Algo mudou de lá para cá?

Creio que não!

A salvação continua, e continuará, baseada unicamente na fé em Cristo e na Sua infinita graça (cf. Rom. 1:16-17). Este é o "poder" (literalmente, a "dinamite") do Evangelho em nossa vida, que destrói as amarras do pecado e nos liberta para uma nova vida de graça e santificação.

Como diz Max Lucado:
"Nada do que você faz pode fazer com que Deus o ame mais...
E nada do que você faz pode fazer com que Deus o ame menos".

Na cena apresentada por Jesus estavam duas pessoas pecadoras:
- Um se considerava altamente fiel e consagrado, cheio de orgulho "santo" por ser uma pessoa socialmente íntegra, e ainda revelava tremenda presunção, pois acreditava ser muito melhor do que outros que não faziam o "bem" que ele fazia.
- O outro era um homem igualmente pecador, porém com um profundo sentimento de humildade diante de Deus, pois sabia do seu alto grau de afastamento do Senhor (certamente ele tinha consciência de seus muitos pecados), e acreditava que somente amparado na misericórdia de Deus é que ele alcançaria algum benefício.

Um dizia: "Obrigado, Senhor, porque sou um homem tão puro e santo, bem diferente destes miseráveis que me rodeiam. Faço tudo certinho e minha religião é um modelo para as outras pessoas. Estou quase no ponto de ser trasladado. Pode deixar que eu continuarei ensinando estes coitados a viverem esta vida abençoada na qual eu vivo".

O outro dizia: "Meu Deus, estou envergonhado em vir na Tua presença santa. Sei que sou pecador e sei que o Senhor tem muitos motivos para não gostar de mim. Mas minha vida é uma miséria longe de Ti, não tenho prazer nela. O Senhor sabe que eu quero mudar e que eu necessito de Tua mão a me ajudar. Por favor, meu Deus, não olhe para este Teu servo miserável, mas me ajude. Não tenho outra alternativa!".

Quanta diferença! Quanta saberia de Jesus em contrastar estas duas vidas!

Orgulho x humildade
Presunção x fé
Egoísmo x amor ao próximo
Santarrice x santificação

Você, hoje, se considera um fariseu ou um publicano?
Você, hoje, baseia sua fé naquilo que você acredita que está fazendo de bom, ou apenas na misericórdia de Deus em sua vida?
Você, hoje, costuma se comparar com seus "irmãos" e acredita ser mais "justo" do que alguns deles, ou se coloca no mesmo "barco" e admite que é tão miserável quanto os demais?
Você, hoje, está no time dos que apontam os dedos acusativos, ou no daqueles que não conseguem levantar os olhos diante da santidade de Deus?

Eu e você não temos motivos para vivermos uma fé legalista. Este texto de Lucas, que hoje é tão acessível para nós, não estava à disposição da Igreja em seus primeiros anos. Eles tiveram que manter sua fé de forma tão viva, unicamente através da experiência pessoal que mantinham uns com os outros e todos com Deus.
 
Nós, hoje, nos deixamos dominar pela frieza, pela "mornidão" laodiceana, e preferimos nos considerar "ricos e abastados", achando que não temos falta de nada (dou o dízimo, guardo o sábado, levanto de madrugada, não como isso, não bebo aquilo, me visto assim, me visto assado...), e não temos mais a consciência do profundo pecado que está arraigado na nossa natureza, lá no fundo, e que por tantas vezes tem se revelado através dos pequenos (ou grandes) gestos de egoísmo, presunção, vaidade, orgulho, crítica, maledicência, inveja, luxúria, etc.
 
Qual dos dois voltou "justificado" (ou seja, SALVO) para sua casa? O que aparentava ser santo e justo, ou o que aparentemente era um perdido sem nenhuma esperança de salvação?
 
Jesus deu a resposta!
 
Por isso, da próxima vez que formos tentados a olhar os outros através de um "patamar superior", "de cima", agradecendo a Deus por não sermos uma prostituta, um drogado, um alcoólatra, um ladrão... um político corrupto, um ator espírita, um profissional inescrupuloso ou mercenário... etc... lembremos que somos tão (ou mais) indignos do favor divino quanto qualquer um outro ser humano, por isso UNICAMENTE PELA GRAÇA, mediante nossa fé sincera, seremos salvos e poderemos, ao final de um culto na Igreja, voltarmos "justificados" para nossas casas.
 
Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós, e nos ajude a tirar as traves que nos impedem de vermos a Sua graça!

"Ó Deus, sê propício a mim, pecador!"

Comentários

Anônimo disse…
Obrigado pela reflexão Pr. Gilson, esse texto é um bálsamo para pecadores como eu. Jesus realmente é maravilhoso!!!!
Fraterno abraço....
Anônimo disse…
Bela e verdadeira mensagem, Pr. Gilson.

Que Deus continue lhe dando sabedoria, e o abençoe sempre.

Obrigada.
Cacau disse…
Gostei da mensagem. Interessante essa frase de Max Lucado, eu já conhecia e já até usei em mensagens minhas... O texto todo me fez refletir. Tinha que ler um bom texto hoje, porque estou preocupada e estou tentando me apegar naquela frase de que basta o mal de cada dia (não sei bem se é assim). Mas tem momentos que não adianta atropelar e tentar ler o futuro. Não saber do futuro (especialmente na área da saúde) pode ser frustrante e pior: a gente deixa de viver bem com medo do futuro. Peço que orem por mim, irei fazer um retorno médico hoje ainda e estou numa agonia terrível. Mas sei que Deus nunca dá nada a ninguém que não possa suportar, mas se negasse que não tenho medo, mentiria...

Abraço.