E a renúncia de Bento XVI, hein?!

Nos últimos dias, muito se tem falado (e escrito) sobre a renúncia de Bento XVI. Nos principais blogs de estudiosos Adventistas é possível encontrar diversas análises e reflexões sobre o tema.

Apesar de não concordar com todas elas, pois considero algumas pessoas muito "alarmistas" e tendenciosas a promover um "contorcionismo exegético" exagerado, não quero "chover no molhado", e tratar do tema sob a mesma ótica, por exemplo, analisando o ato do papa como uma possível previsão profética em Apoc. 17. Será que têm ligação? Não creio.

Na minha opinião, devemos analisar este evento histórico (e põe histórico nisso!!!) sob o ângulo do cumprimento das profecias para estes últimos dias, porém sem nos determos nos detalhes forçosos da hermenêutica apocalíptica, como citei acima.

Eu encaro a renúncia de Bento XVI sob os seguintes pontos:

Foi uma atitude de alguém pressionado política e eclesiasticamente.

Nos últimos anos, o Vaticano foi bombardeado com uma série de denúncias relacionadas com o comportamento reprovável de pessoas do clero, algumas bastante eminentes. Foram inúmeros casos de pedofilia, por exemplo, que trouxeram um tremendo desgaste à figura do papa Bento XVI, uma vez que ele, como "comandante" da Igreja Romana, não deu a atenção e a resposta que a sociedade exigiu diante de denúncias tão graves.

Mais recentemente, os bastidores do poder no Vaticano também foram descortinados ao mundo, após a revelação de cartas comprometedoras de pessoas do alto escalão da Santa Sé. Tomamos conhecimento através da Imprensa de uma verdadeira "rede de intrigas" com o objetivo de dominar politicamente o poder católico. Até mesmo o banco do Vaticano (nada pobre!!) foi envolvido.

Apesar do esforço que fizeram para "blindar" a imagem do papa durante tais episódios, fazendo o mundo ser levado a crer que o líder romano estava tomando "todas as medidas necessárias" para resolver as situações, verificou-se que o prejuízo foi inevitável, especialmente à imagem pessoal do "sucessor de Pedro", como querem os católicos.

É aqui que acredito que as profecias escatológicas devem ser inseridas. Ficar tentando criar interpretações baseadas na pseudo-teoria dos 7 reis, na qual o papa João Paulo II até deveria "ressuscitar" (como apregoam alguns equivocados), ao meu ver, não deve ser a reflexão desse momento.

A renúncia de Bento XVI foi um evento que fez parte do calendário profético destes últimos dias? Sim, na medida em que o poder papal precisa ser um poder político-religioso respeitado, forte, atuante e influenciador no mundo, para poder fazer frente à atuação que ele terá no período final da História deste mundo. E isso Bento XVI já havia perdido!

Vejamos algumas das dezenas de declarações do Espírito de Profecia que comprovam essa linha de pensamento:

"Se quisermos compreender a decidida crueldade de Satanás, manifestada no transcurso dos séculos, não entre os que jamais ouviram algo acerca de Deus, mas no próprio coração da cristandade e através da mesma em toda a sua extensão, temos apenas de olhar para a história do romanismo. Por meio deste gigantesco sistema de engano, o príncipe do mal leva a efeito seu propósito de acarretar a desonra a Deus e a desgraça ao homem. E, vendo nós como consegue disfarçar-se e realizar a sua obra por intermédio dos dirigentes da igreja, melhor podemos compreender o motivo de ter tão grande aversão à Escritura Sagrada" (GC, pág. 570).

"Estes relatos do passado revelam claramente a inimizade de Roma para com o sábado legítimo e seus defensores, e os meios que emprega para honrar a instituição por ela criada. A Palavra de Deus ensina que estas cenas devem repetir-se, quando os católicos romanos e protestantes se unirem para a exaltação do domingo" (GC, pág. 578).

"A Igreja Católica Romana, com todas as suas ramificações pelo mundo inteiro, forma vasta organização, dirigida da sé papal, e destinada a servir aos interesses desta. Seus milhões de adeptos, em todos os países do globo, são instruídos a se manterem sob obrigação de obedecer ao papa. Qualquer que seja a sua nacionalidade ou governo, devem considerar a autoridade da igreja acima de qualquer outra autoridade. Ainda que façam juramento prometendo lealdade ao Estado, por trás disto, todavia, jaz o voto de obediência a Roma, absolvendo-os de toda obrigação contrária aos interesses dela. A História testifica de seus esforços, astutos e persistentes, no sentido de insinuar-se nos negócios das nações; e, havendo conseguido pé firme, nada mais faz que favorecer seus próprios interesses, mesmo com a ruína de príncipes e povo (GC, pág. 580).

"E, convém lembrar, Roma jacta-se de que nunca muda. Os princípios de Gregório VII e Inocêncio III ainda são os princípios da Igreja Católica Romana. E tivesse ela tão-somente o poder, pô-los-ia em prática com tanto vigor agora como nos séculos passados. Pouco sabem os protestantes do que estão fazendo ao se proporem aceitar o auxílio de Roma na obra da exaltação do domingo. Enquanto se aplicam à realização de seu propósito, Roma está visando a restabelecer o seu poder, para recuperar a supremacia perdida. Estabeleça-se nos Estados Unidos o princípio de que a igreja possa empregar ou dirigir o poder do Estado; de que as observâncias religiosas possam ser impostas pelas leis seculares; em suma, que a autoridade da igreja e do Estado devem dominar a consciência, e Roma terá assegurado o triunfo nesse país" (GC, pág. 581). 

Vemos claramente que o objetivo do papado é um só: O PODER.

O papa que cumprirá estes últimos indícios proféticos deve ser alguém com autoridade, consideração e respeito perante os outros povos e nações do mundo.

Portanto, está para vir um bispo de Roma que tenha isso. Ou se não o tem ainda, mas que tenha condições morais e políticas para conseguir.

Cumpre-nos esperar o desenrolar da História... mais uma vez!

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Sobre a teoria dos 7 reis, dê uma olhada no que a Novo Tempo escreveu sobre o tema:
1. Posicionamento oficial da IASD sobre Apoc. 17
2. A polêmica em torno de Apoc. 17 e os oito reis

Comentários

Chacon disse…
Pois é Gilson, perfeito seu comentário, contudo, o prof Leandro Quandro, uma pessoa que eu admiro muito, foi muito... como direi... desrespeitoso. Tentei fazer dos comentários em sus blog sobre sua atitude e fui censurado, não fui grosso nem desrespeitoso, apenas lhe mostrei que ele não pode desmerecer as pessoas só porque ele tem opinião contrária. Em 2001 me interessei pelo tema dos 7 reis, comprei um livro de um irmão de Curitiba, veja, o irmão não é uma pessoa que não tenha conhecimento ou uma pessoa que não seja séria, como diz o prof. Leandro. Esses dias souber que a mesma profecia foi interpretada também por um Adventista no Texas em 1999, veja, será que essas pessoas não são sérias? Será que só os do Adventist Biblical Reaserch são sérios? Tentei dizer isso ao professor mas parece que sua arrogância, ou a arrogância da sua equipe não permite. Sabemos que estamos por um fio, Jesus está às portas, sabemos que II Tess 2:7 Paulo diz que alguém está impedindo o iníquo de governar, e ele seria retirado, sabemos que cabeças do Leopardo em Daniel 7, são 4 pessoas, 4 generais, 4 susbtitutos do Imperador, Apocalipse 13 diz que a Besta é como o Leopardo, sabemos que Flávio Josefo (acho que é uma referência séria para o professor) diz nos seus livros que quando Alexandre chegou em Jerusalém, lhe mostraram as profecias e disseram que ele era o bode da profecia e domiraia tudo. Não sei se vai se cumprir, mas chamar as pessoas de carentes afetivos, e não sérias é muita falta de respeito, mesmo porque não sei onde se encaixa Assiria e Egito nas profecias, mas claro é possível e claro foi gente séria que as interpretou, o que não pode é desmerecer um irmào Adventista, parece que só ele sabe das coisas. Abração
Gilson Medeiros disse…
Olá, Chacon.

Obrigado pelo comentário. Não estou aqui para "defender" o prof. Leandro, mas acredito que o que pode acontecer é o que às vezes também acontece comigo.

Sabe quando a gente fala e fala a mesma coisa repetidas vezes, e a pessoa parece que faz de conta que não ouviu?

Alguns agem assim com a doutrina. Por mais que você explique e apresente todos os detalhes e explicações, tais pessoas simplesmente fecham os ouvidos e não querem aceitar. Paciência!!!

Existem alguns assuntos que eu também não tenho mais a menor paciência em repetir. Você pode observar aqui no blog que em alguns comentários eu simplesmente digo: eu já falei sobre isso aqui no blog. Não vou passar a vida repetindo as mesmas coisas para pessoas que não têm o menor interesse em analisarem.

Talvez tenha sido isso que aconteceu no comentário do Pr. Leandro.

Eu não concordo com você quando seu comentário dá a entender que a IASD não aceita a interpretação dos 8 reis, colocando o papa atual nela, como se isso fosse um "monopólio teológico" dos estudiosos "oficiais" da IASD. Acho que não se trata disso.

Toda vez que surgiu alguma dúvida sobre interpretação bíblica, o princípio utilizado sempre foi o da "multidão de conselheiros", porque só ai há "sabedoria". Não posso crer que Deus desse uma "luz" a algum indivíduo, e deixasse Sua igreja toda nas trevas.

Por isso não aceito esta interpretação equivocada, por mais que ela venha de corações sinceros, pois a minha experiência como membro de igreja já mostrou que estes "ventos de doutrina" surgem apenas com o objetivo de minar nossa fé.

Um abraço.
Gilson.
Chacon disse…
Olá Gilson obrigado por responder. Na verdade a questão nem é se a interpretação é esta ou aquela, e eu não dei a entender que a IASD nã aceita, quem disse foi o prof Leandro, ele diz que há duas interpretações oficiais da Igreja e nenhuma delas é a dos 8 ou 7 reis. Ora, se a Igreja tem duas inbterpretaçõe soficiais significa que o conselho não sabe o que vai acontecer, há dúvidas. Eu acho as 3 interpretações plausíveis, e vejo restrições nas 3. Mas sabemos que em algum momento, e creioque está perto, o Papa vai ter que "botar pra quebrar", o prosidente Americano também, então temos queesperar.
Voltando ao professor, sempre assisto aos seu vídeos, ele é uma pessoa consagrada, mas está sempre dizendo que este ou aquele não é sério, desta vez ele passou da conta, só essa a questão, a postura dele, pois ele tem o nome dele e da Igreja a zelar e não a zerar. Abração.