Sentir a dor do próximo

Ontem foi a estreia do Brasil na copa do mundo de Futebol. A Imprensa estava quase que exclusivamente voltada para a cobertura da partida entre a Seleção Brasileira e a Seleção Suíça. A maior emissora do país, a rede Globo, parou sua programação do domingo à tarde para dar todos os detalhes sobre a partida, uma hora antes de começar e uma hora depois de o jogo ter acabado. Cobertura total!

Enquanto eu via na TV e redes sociais a euforia de grande parte dos brasileiros pela possibilidade de conquista do Hexacampeonato mundial, não pude deixar de recordar sobre a dor que uma família estava enfrentando naquele mesmo horário... a dor de enterrar uma linda menina, morta brutalmente por pessoas de coração demoníaco.

O Brasil viu chocado no último sábado a descoberta do corpo da garotinha Vitoria Gabrielly, que saiu para brincar de patins e não voltou mais para casa (veja a matéria aqui). Muitos se entristeceram com a notícia da sua morte, e aqueles que são pais de meninas na mesma faixa etária (como eu), devem ter ficado com o coração apertado em pensar que a violência nesse país chegou a níveis nunca vistos anteriormente, e todos estamos sujeitos a sofrermos as consequências dessa escalada assombrosa da crueldade e marginalidade.

Mas... o sábado passou... e veio o domingo... dia do Jogo da Seleção.

Pouco se falou sobre a menina... poucos falaram sobre seu enterro... poucos lembraram a dor dos pais por estarem sepultando uma filha que teve a vida abreviada de forma tão covarde e repentina.

Detalhe:
A menina era aluna da Escola Adventista da cidade, e uma nota de pesar foi expedida pela Escola, que hoje (segunda-feira) está de luto pela pequena Vitória (veja aqui).


Compadecer-se com a dor do outro parece ser uma das claras manifestações da atuação do Espírito Santo na vida de uma pessoa. Se não somos capazes de nos entristecer com o sofrimento de alguém, a não ser que este alguém seja da nossa família ou amigos, então dificilmente poderemos ter a certeza de que estamos vivendo sob a influência plena do Evangelho.

Se, ao invés de nos entristecermos pela dor que um pai e uma mãe estão passando ao enterrarem sua filhinha, morta tão estupidamente, preferimos nos alegrar, beber, comemorar, pular e gritar com o desempenho de um time de milionários que está jogando do outro lado do mundo, sem qualquer vínculo afetivo ou real conosco... então... o que temos feito de Cristo em nossas vidas????

Se eu só sou capaz de sentir a dor de um parente, um amigo próximo, um familiar... então o que tenho entendido sobre a Parábola do Bom Samaritano, ensinada por Jesus???

Se eu estou muito mais preocupado em saber se o "meu" time do coração vai jogar bem, e fico 2, 3, 4 horas vidrado na frente de um televisor... mas não consigo lembrar de orar por 5 minutos para que Deus conforte o coração de pais enlutados... e olha que, de alguma forma, essas pessoas fazem parte da "minha igreja", nem que seja apenas como admiradores ou amigos... então, como posso dizer que Jesus Cristo vive em mim???

O mundo está mau... e vai ficar cada vez pior. 
Hoje são os pais de Vitória que estão chorando a perda de uma filha querida... 
Amanhã, quem será??!!

Creio que o Espírito Santo é a força-motriz que deve impulsar a vida do crente, para que este produza o FRUTO DO ESPÍRITO no seu dia-a-dia.

"... amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança" - Gálatas 5:22

Qualquer coisa menos que isso, na minha modesta opinião, é apenas "colóquio flácido para acalentar bovino".




Comentários

A.K.Renovatto disse…
A Bíblia diz : "E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará." Mt 24:12
Essa é a causa do "círculo vicioso", que presenciamos nos dias que vivemos. A maldade faz com que o amor de muitos esfrie e por isso vemos muitas pessoas egocêntricas e que se importam apenas com elas mesmos e com sua família. A maldade vai criando uma espécie de "crosta" em muitas pessoas e estas já não se chocam mais com as notícias e nem se solidarizam com a dor alheia. A maldade esfria o amor de muitos e por outro lado, esse esfriamento do amor, gera mais maldade! Por isso torna-se um "círculo vicioso". Claro que ainda há muitos corações bondosos, na internet esses dias, vi muitas pessoas torcendo pela Vitória, torcendo para que a encontrassem com vida. Li comentários de pessoas se solidarizando com a dor dos pais. Enfim, fiquei pesaroso com o desfecho desse caso! Todo pai e toda mãe, entende bem a dor dos pais! Que Deus conforte a família enlutada dessa garota! Não há palavra capaz de amenizar o sofrimento nessa hora, mas podemos orar pela família. "Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. " Rm 12.15
Muito pertinente o texto!


Gilson Medeiros disse…
Obrigado pelo comentário, meu caro A.K.Renovatto.

Nos unamos em oração pela família que sofre a perda de sua pequena.

Um abraço
Gilson.
Cacau disse…
Muito bom falar sobre a necessidade de sentir a dor do próximo. Se colocar por um instante no lugar do outro é importante, principalmente para os que se dizem cristãos. Só assim, alguém pode ter uma ideia do que o outro está passando e assim ser mais compassivo perante o sofrimento alheio.

Sem palavras para dizer num momento assim, sobre um caso como dessa garota. Tudo muito triste!

Sei que a dor da perda de um filho é incomparável a qualquer outra dor! Sei bem disso! Que Deus possa confortar a família e amigos, derramando muuuito amor sobre eles. E não devemos esquecer de orar por essa família em luto, assim como por outras pessoas que estão passando por momentos angustiantes!
Gilson Medeiros disse…
Obrigado pelo comentário, estimada Cacau.

Realmente, perder um filho é uma dor insuperável. Só Deus para confortar esses corações neste momento.

Um abraço
Gilson.