Por que a Igreja precisa usar a Disciplina? Como usá-la?


Encontrei um artigo muito bacana no site do Pr Leandro Quadros, que aborda o difícil tema da DISCIPLINA ECLESIÁSTICA, ou seja, a forma como a Igreja lida com os pecados cometidos por seus membros, e que trazem algum mau testemunho sobre o Evangelho.

O artigo original foi escrito pelo Dr Ozeas Moura, de quem tive a honra de ser aluno no Seminário de Teologia do IAENE, e foi publicado na Revista Adventista em Julho/2008.

Espero que gostem... eu gostei!

Disciplina Eclesiástica: Evitando os Extremos
A igreja deve agir em nome e na autoridade de Cristo.

A palavra disciplina vem do latim discere – “aprender” a mesma raiz da palavra “discípulo”[1]. Disciplina é “ensino, instrução, educação, submissão a um regulamento”[2]. No hebraico é musar (Dt 11:2; Pv 5:12; 15:10, etc), que, além de disciplina, significa também “instrução, advertência, castigo”[3]. “O termo musar significa ‘disciplina’ mas é mais que isso. […] Ele ensina como viver corretamente no temor do Senhor”[4]. Já os escritores do Novo Testamento empregaram, entre outras, a palavra paidéia (Ef 6:4; 2Tm 3:16; Hb 12:5, 7, 8, 11, etc), com o significado de “treinamento” “disciplina” – do verbo paideuo, cujo significado é instruir, treinar, educar, corrigir (algumas vezes esse verbo é também empregado com o sentido de punir, castigar). É verbo utilizado para se referir à instrução de crianças,[5] base para a palavra pedagogia – treinamento de uma criança.[6] Paidéia, no Novo Testamento (especialmente nas epístolas paulinas), visa o mesmo que as Escrituras Sagradas, que é o “ensino, a repreensão, a correção e a educação [paidéia] na justiça” (cf. 2Tm 3:16)[7].

Como visto, a ideia primeira da palavra disciplina não é castigar, punir (às vezes é empregada também com estes sentidos), mas sim ensinar, instruir, educar alguém.

Assim, ao pensarmos em disciplina, deveríamos ter em mente que ela é, primeiramente, corretiva, e não punitiva. E esse deveria ser o objetivo de todo líder religioso ou membro de comissão de igreja (e das demais comissões) quando se reúnem para estudar casos em que a disciplina deve ser administrada a um membro do corpo de Cristo. A disciplina nunca deveria parecer vingança contra alguém.[8]

É fato que a igreja tem o direito e o dever de disciplinar seus membros. Tal autoridade foi-lhe dada pelo próprio Cristo, quando disse aos Seus discípulos (e por extensão à Sua igreja): “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra terá sido ligado nos Céus, e tudo o que desligardes na Terra terá sido desligado nos Céus” (Mt 18:18). Assim, a igreja age em nome e na autoridade de Cristo mesmo, e o espírito por trás da disciplina deve também ser o de Cristo – de corrigir, elevar, restaurar e curar.

O ideal é que nenhum membro precisasse ser disciplinado. Mas como a igreja é composta por pessoas que ainda têm a natureza carnal, vez ou outra, elas cometem pecados. Alguns casos são resolvidos entre o pecador e Deus; outros, entre ofensor e ofendido, e que não trazem opróbrio sobre a igreja. Nesse caso, a disciplina eclesiástica não é necessária. Mas há pecados que, quando vêm a público, escandalizam grandemente os irmãos, atentam contra o bom nome da igreja e suas normas, e a expõem negativamente perante os descrentes. Nessa circunstância, cabe disciplina eclesiástica, para que sejam preservados o bom nome da igreja e as normas cristãs. “Deus considera Seu povo como um corpo, responsável pelos pecados que existem em indivíduos em seu meio. Se os dirigentes da igreja negligenciam buscar com diligência os pecados que trazem o desfavor de Deus sobre a corporação, eles se tornam responsáveis por estes pecados.”[9]

Mas, nessa questão da disciplina eclesiástica, há dois riscos: de um lado, a indulgência, ou seja, não ser firme e pronto em tratar com os pecados dos irmãos; e do outro lado, aplicar a disciplina com um espírito farisaico e destituído de amor. Indulgência é misericórdia sem justiça, farisaísmo é justiça sem misericórdia. Esses dois extremos são mais bem explicitados com as situações de pecado entre os irmãos da igreja de Corinto, relatadas em 1 Coríntios 5:1-13 e 2 Coríntios 2:5-11. Analisemos esses versos paulinos e tiremos as lições que eles contêm quanto ao assunto da disciplina eclesiástica.

Um extremo: misericórdia sem justiça
I Co 5:1-13 – Um membro da igreja de Corinto havia cometido “imoralidade” (5:1) com a “mulher de seu próprio pai” – não a mãe do rapaz, mas sua madrasta ou uma concubina de seu pai.

A palavra grega traduzida por “imoralidade” é pornéia, e pode ser empregada, em sentido amplo, para designar qualquer ato sexual ilícito. Aqui , no contexto de 1 Coríntios 5:1-13, ela deve ser entendida como “fornicação” (sexo praticado por pessoa solteira), “prostituição” e “imoralidade” Deve-se notar que o fato de Paulo não empregar a palavra moichéia (adultério), e sim, pornéia, talvez possa indicar que o pai do rapaz já fosse falecido. Tratava-se, portanto, de um caso de incesto, condenado tanto pelas leis judaicas (ver Dt 22:30; 27:20), quanto pelas romanas.[10]

Face à gravidade do pecado de um de seus membros, o que fez a igreja de Corinto? Nada, nenhuma tentativa para resolver a situação. Ao contrário: andavam “ensoberbecidos” (ICo 5:2), ou seja, em vez de baixarem a cabeça e ficarem envergonhados pelo ocorrido, estavam cheios de orgulho espiritual (isso não quer dizer que aprovavam o ato do rapaz, mas que, apesar da gravidade do ato, ainda se sentiam orgulhosos espiritualmente). E, como conseqüência, nem chegaram a se lamentar pelo ocorrido (5:2).

Devido à indulgência e frouxidão da liderança e dos membros da igreja de Corinto, Paulo ordenou-lhes que o ofensor fosse “tirado” do meio deles (5:2), ou seja, fosse desligado da igreja (cf. Mt 18:18). Além disso, que também fosse “entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor [Jesus]” (5:5). Essas são palavras fortes, mas apropriadas ao caso. “Ser entregue a Satanás” aqui, equivale a ser “tirado” ou desligado do corpo de Cristo – a igreja. Como só há dois reinos, o de Cristo e o de Satanás, o jovem deveria ser “posto” onde ele mesmo já se encontrava: no reino do inimigo. Isso deveria causar um choque ao ofensor, fazê-lo compreender a enormidade e gravidade de seu ato, e levá-lo ao arrependimento. Mas como a igreja nada fizera para discipliná-lo, ele estava no reino de Satanás, pensando estar ainda no reino de Deus. Se o moço aceitasse a disciplina, confessasse seu ato e dele se arrependesse, poderia ter “sua carne destruída” – expressão de difícil entendimento, mas provavelmente se refira à situação de se vencer as tentações carnais que levavam esse rapaz ao pecado. Se ele fosse um vencedor de suas tendências imorais e fornicarias, seu “espírito” (ele mesmo) seria salvo “no Dia do Senhor” (uma referência à segunda vinda). E se isso ocorresse, estaria cumprido o objetivo maior de toda disciplina: a conscientização e salvação do ofensor.

O outro extremo: justiça sem misericórdia
2 Co 2:5-11 – Em sua segunda epístola à igreja de Corinto, Paulo fala de alguém que pecara, fora disciplinado, mas fora também banido do amor e da simpatia dos membros da igreja (2Co 2:5-11) – uma situação exatamente oposta àquela mencionada em sua primeira carta, como foi visto.

De acordo com 2 Coríntios 2:5, o ex-membro havia causado “tristeza” à igreja (não nos é dito o que ele havia feito). Alguns o identificam com o jovem fornicário de 1 Coríntios 5:1-13), que fora disciplinado “pela maioria” (2:6) – procedimento correto adotado, visto que a disciplina é ministrada não por uns poucos membros, nem ainda pela comissão da igreja (que apenas estuda o caso e recomenda a disciplina), mas pela maioria dos membros da igreja, presentes a uma reunião administrativa devidamente convocada.[11]

Pelo relato paulino, vê-se que a disciplina cumprira seu propósito de conscientizar e levar o ofensor e ex-membro à confissão e ao arrependimento. Ele estava triste pelos atos praticados. Mas sem o perdão, conforto, amor e simpatia de seus irmãos de fé, estava sendo “consumido por excessiva tristeza” (2:7). Esse é um caso típico de “zelo sem entendimento” de justiça sem misericórdia. Se no caso do moço fornicador de 1 Coríntios 5 faltou firmeza e justiça (aspecto firme do amor), no caso mencionado na 2a carta aos Coríntios faltou misericórdia (a face suave do amor) e sobrou zelo farisaico. A verdade é que, por sua atitude penitente e arrependimento, o irmão disciplinado merecia nova chance. Por isso, Paulo roga aos irmãos de Corinto: “Que confirmeis para com ele o vosso amor” (2:8). E, em assim fazendo, não permitiriam que Satanás (o instigador de todo o mal) alcançasse vantagem sobre a igreja (2:11). O fato é que Satanás alcança vantagem quando a igreja é omissa e frouxa quanto à disciplina, bem como quando ela disciplina com um zelo destituído de amor. A frouxidão embala o membro com uma falsa segurança quanto à sua salvação, enquanto o zelo farisaico impede o retorno do irmão arrependido.

“Quando a pessoa que errou se arrepende e se submete à disciplina de Cristo, cumpre dar-lhe outra oportunidade. E mesmo que se não arrependa e venha a ficar colocada fora da igreja, os servos de Deus têm o dever de envidar esforços com ela, buscando induzi-la ao arrependimento. Se a pessoa se render à influência do Espírito de Deus, dando evidência do seu arrependimento, confessando e renunciando ao pecado, por mais grave que tenha sido, deve merecer o perdão e ser de novo recebida na igreja. Aos seus irmãos compete encaminhá-la pela vereda da justiça e tratá-la como desejariam ser tratados em seu lugar, olhando por si mesmos para que não sejam tentados de idêntico modo.[12]

Pelo visto, os irmãos de Corinto, ao tratarem do caso desse irmão que havia causado tristeza à igreja, demonstraram sofrer de SIMV – Síndrome do Irmão Mais Velho – , relatada em Lucas 15:25, cujos sintomas são um coração cheio de ira (Lc 15:28), queixoso (15:29) e condenador (15:30), em relação ao irmão que saiu de casa, mas que voltava arrependido. Enquanto uma festa acontecia dentro de casa para comemorar a volta do irmão desgarrado, o irmão mais velho preferiu ficar no alpendre. Será que o pai conseguiu persuadi-lo a entrar? A parábola deixa essa questão em aberto, justamente para que cada “irmão mais velho” (membro da igreja que nunca precisou ser disciplinado) diga se participará da festa quando um membro faltoso se arrepende e retorna, ou se ficará no alpendre do farisaísmo e da falta de simpatia e amor.

Razões para a Disciplina dos Membros
1. Negação da fé nos princípios fundamentais do evangelho e nas doutrinas básicas da Igreja, ou o ensino de doutrinas contrárias a eles.
2. Violação da lei de Deus, tal como a adoração de ídolos, homicídio, roubo, profanação, jogos de azar, transgressão do sábado, e falsidade voluntária e habitual.
3. Transgressão do sétimo mandamento da lei de Deus, pelo que diz respeito à instituição matrimonial , ao lar cristão e às normas bíblicas da conduta moral.
4. Transgressões tais como fornicação, promiscuidade, incesto, prática homossexual, abuso sexual de crianças e de adultos vulneráveis e outras perversidades sexuais, e novo casamento de pessoa divorciada, exceto o cônjuge que permaneceu fiel ao voto matrimonial num divórcio causado por adultério ou perversões sexuais.
5. Violência física, inclusive violência na família.
6. Fraude ou deliberada falsidade no comércio.
7. Procedimento desordenado que traga opróbrio sobre a igreja.
8. Adesão ou participação num movimento ou organização separatista ou desleal.
9. Persistente negativa quanto a reconhecer as autoridades da igreja devidamente constituídas, ou por não querer submeter-se à ordem e à disciplina da igreja.
10. 0 uso, a fabricação ou a venda de bebidas alcoólicas.
11. 0 uso, a fabricação ou a venda do fumo em qualquer de suas formas para consumo humano.
12. 0 uso indevido ou o tráfico de narcóticos ou outras drogas.

Aplicando a Disciplina
É esperado que os membros de uma comissão de igreja (ou qualquer outra) tenham procedimento ético, prontidão e delicadeza na administração da disciplina, que avaliem e decidam com base em fatos, que não comentem com os demais irmãos da igreja assuntos tratados nas reuniões de comissão. Do membro a ser disciplinado é esperado o reconhecimento da seriedade de sua falta e acatamento da disciplina, arrependimento, mudança de conduta (e em caso de remoção, que retorne ao seio da igreja). De todos os membros da igreja se espera que tenham atitude firme, mas perdoadora para com o membro disciplinado, e que continuem mantendo interesse no bem-estar espiritual dele. Uma visita de vez em quando fará muito bem a ele, fazendo-o ver que seus irmãos de fé ainda o amam, apesar do ocorrido. Se, após análise detalhada e exaustiva do caso, a comissão da igreja entender que o ofensor deva ser disciplinado, ela encaminhará a recomendação de disciplina à igreja, que a votará em uma reunião administrativa, devidamente convocada. A aprovação (ou não) da recomendação para a disciplina se dará pelo voto da maioria. No caso da disciplina ser a remoção, a notificação deverá ser feita por escrito e entregue, de preferência, pelo pastor ou por alguém designado pela comissão da igreja, o qual deve assegurar ao removido que Deus e a igreja sempre esperarão por seu retorno. Em conclusão a esse assunto tão espinhoso, mas ao mesmo tempo tão necessário para a preservação das normas bíblicas e para uma vida espiritual sadia, deveríamos sempre nos lembrar de que: (1) somos todos pecadores, e assim não deveríamos nos julgar superiores aos irmãos que erram e são disciplinados. Como diz Paulo: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia”(1 Co 10:12), e (2) devemos tratar os outros assim como gostaríamos de ser tratados. De acordo com a Regra Áurea,”tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles”(Mt 7:12).

Tipos de Disciplina
Basicamente, há dois tipos de disciplina eclesiástica:

1) Censura: de um a doze meses, aplicada àqueles que cometem atos que merecem a desaprovação da igreja, mas que se arrependeram profundamente e fizeram confissão espontânea. Tal disciplina tem o duplo propósito de manifestar a desaprovação da igreja, bem como dar tempo ao ofensor de corrigir sua conduta. Enquanto durar o tempo da censura, o membro não pode participar publicamente dos cultos, nem ensinar em uma classe da Escola Sabatina, por exemplo. Mas não deve ser privado de assistir às reuniões da igreja. Uma vez terminado o tempo da censura, e havendo o ofensor dado mostras de mudança de comportamento, ele volta à plena comunhão com a igreja, sem necessidade de qualquer outro voto.

2) Remoção: aplicada em casos de flagrante violação da lei de Deus, especialmente quanto a pecados de fornicação (sexo praticado por solteiros), adultério, todos os atos de indiscrição moral, além de outros pecados que trazem opróbrio público sobre a igreja. Nesses casos, a remoção é necessária para a proteção do bom nome da igreja e das normas cristãs. Quando o membro removido der provas de estar de acordo com as normas e ensinos da igreja, ele ou ela retorna geralmente pelo rebatismo.

Referências
1. Antônio Geraldo da Cunha, Dicionário Etimológico da língua Portuguesa (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982), p. 268.
2. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo Dicionário Aurélio da língua Portuguesa, 3a ed. (Curitiba: Editora Positivo, 2004), p. 684.
3. W. E.Vine, Dicionário Vine (Rio de Janeiro: CPAD, 2003), p 153.
4. Ibid.
5. F. Wilbur Gingrich Léxico do Novo Testamento Grego/Português (São Paulo: Vida Nova, 1993), p. 153.
6. W. E. Vine, Dicionário Vine, op. cit-, p. 153.
7. Gerhard Friedrich, Theological Dictionary of the NewTestament, v. 50 (Grand Rapids: Eerdmans, 2006), p. 623.
8. Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 3 (Santo André: Casa Publicadora Brasileira, 1985), p. 201.
9. Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja,v. 3 (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2002), p. 269.
10. R. N. Champlin, 0 Movo Testamento Interpretado, v. 4 (São Paulo: Candeia, 1995), p. 68,69.
11. Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia, edição revisada em 2005 (Tatui: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 197.
12. Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1993), p. 502.


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Veja também:
- Dúvidas sobre disciplina eclesiástica





Comentários

A.K.Renovatto disse…
Um dos melhores textos sobre disciplina eclesiástica que já li. É mesmo um assunto delicado, mas que deve ser abordado e embora cada denominação tenha seu modo particular de exercer a disciplina, no modo geral esse texto explica bem como a disciplina deve ser aplicada. Também achei importante ter deixado claro que é bom os membros da igreja demonstrarem amor, perdão e visitarem o disciplinado. Excelente o tema exposto, parabéns!



Anônimo disse…
Olá irmão,esse site http://www.adventistas.com é o oficial da Igreja Adventista? Tem algumas publicações bem estranha, sei que não tem nada a ver com a públicação que você fez, mas responda por favor
Gilson Medeiros disse…
Este site informado NÃO é oficial da IASD, e trata-se de alguns dissidentes que utilizam o espaço para criticar atitudes que consideram inapropriadas por parte da liderança da IASD.

Não recomendo.

Um abraço
Gilson.
Unknown disse…
Gilson: Qual a possibilidade em si de um retorno pós queda de um pastor adventista? Digamos que ele pega o gancho (tem que pegar) e que de fato ele se arrende e isso é perceptível no ambiente que ele foi afetado, mas, agora os membros ainda demonstram confiança e reconhecem o talento / dom e desejam que a oportunidade seja dada a ele (assim como damos aos membros que caem ou pelo menos deveríamos dar, se bem que se for passar a régua não sobra ninguém pra contar a história), teríamos aqui um empasse, acredito eu com o manual da igreja e alguns praxes específicos quanto ao assunto. Até que ponto o membro poderia demonstrar aceitação e voto de confiança novamente e se isso seria possível através de uma mudança de norma, uma Igreja mais receptiva ao perdão do que a punição somente. Um exemplo qualquer: Abraão pós queda teria perdido a promessa se fosse por norma / praxes, Davi seu trono e Salomão a sabedoria (é um exemplo meio tosco, mas acho que entendeu o que quis dizer). Como não é um pastor oficial acredito que possa trazer um visão aprendida no seminário mas também sua perspectiva pessoal no assunto (a pessoal que me interessa mais na realidade), e aí, o que consideraria na conjectura atual de Igreja, normas e perdão trazidos pelos membros x normas.
Gilson Medeiros disse…
Prezado Leandro, de fato, se o pastor foi afastado do ministério, a Praxe diz que ele NUNCA mais poderá retornar... é duro demais, concordo com você.

Neste ponto, temos ainda muito que aprender (ou praticar) sobre o perdão e a graça, conforme revelados nas Escrituras. Mas, é assim que acontece na IASD, e o fato de os irmãos acreditarem que uma nova chance poderá ser dada ao seu pastor, infelizmente isso não é levado em conta, no caso de o obreiro ter sido removido do ministério.

Em algumas situações, a Obra tenta transferir a pessoa para outra região ou área de atuação... em outras casos, o obreiro já é removido rapidamente. Ai não tem o que fazer, pois a Praxe Administrativa E-12-23-S é clara em dizer que jamais um ex-obreiro poderá ser readmitido ao ministério adventista.

Infelizmente.

Um abraço
Gilson.
Unknown disse…
Obrigado por sua resposta. Dei uma olhada no praxes que citou e ele é bem duro na abordagem, talvez tal dureza acabe afastando a possibilidade de um ministério de contribuição realizada por quem caiu, um exemplo: Um pastor que veio a cair e quase destruiu sua família. É um ser humano como qualquer outro e muitas vezes o ambiente acaba influenciando, as vezes o pastor é um estranho na sua própria casa (outro dia vi um vídeo onde o Pr Jader Santos teve seu filho convidado por um membro do arautos a cantar com ele, pois, ele estava cantando em quarteto e nem o Jader estava sabendo, achei curioso e triste ao mesmo tempo em relação a proximidade familiar), ou seja, fatores de perigo. Talvez você tenha lido um livro chamado perigosos que rondam o ministério (capa azul) no seminário e ali aprendi um lado ignorado pelos membros, o pastor que é um humano como qualquer outro e tem suas próprias batalhas, vi que algumas das nossas batalhas podem acabar problemas para eles mesmos, em especial um aconselhamento de sexo oposto, acredito que o perdão e reconhecimento de confiança poderiam ser consideradas no praxes (talvez seja a nova geração de adventistas menos dura e intolerante ao erro), pois, fico pensando o quanto um pastor que tenha tido um problema gigantesco desse, que tenha sobrevivo a fase e restabelecido sua família poderia acrescentar - um ministério voltado a restauração familiar dele seria de muito maior poder do que alguém teórico que nunca pisou no olho do furação pra sentir tudo que nós membros sentimos muitas vezes, seria como um padre dar conselhos de como tratar a esposa sem nunca ter tido uma ao lado. Tenho visto e conversado com alguns amigos tantos leigos e pastores e vejo o que impede o perdão é a norma em si, mesmo que o reconhecimento e perdão tanto de Deus quanto dos homens já tenha sido dado. é curioso ver na Bíblia histórias de homens que erraram e ainda tiveram uma oportunidade e comparar ao estilo de Igreja nossa, são opostos muitas vezes, mas, é cultural e não sei se um dia mudará infelizmente, são estrelas que poderiam brilhar intensamente e que farão / já fazem falta em nosso meio.
Gilson Medeiros disse…
Caro Leandro, concordo totalmente com você. Ser pastor Adventista é um grande privilégio (o maior de todos, no campo profissional), mas é uma tremenda responsabilidade, pois facilmente esquecemos que os pastores também são "ovelhas"... muitos ex-pastores vivem na amargura de terem errado e serem simplesmente escanteados pelos seus líderes administrativos, e até por ex-colegas do ministério.

Mas, creio que o Senhor é quem comanda a Obra, e na hora certa, Ele sempre age, nem que seja para dar uma nova oportunidade de vida, trabalho e ministério a quem foi afastado da Obra Adventista.

Um abraço
Gilson.
Unknown disse…
Pelo que eu vi ai em cima nos outros comentários, o pastor e apresentador Ivan Saraiva nunca vai exercer o seu ministério. Deu uma dor no coração agora,gostava muito das pregações dele.