Por que alguns não creem em Ellen White?


Uma coisa que tenho observado nos críticos da Igreja Adventista, tanto do passado quanto do presente, é que eles nunca mencionam Ellen White em seus argumentos contra a doutrina da Igreja, ou quando o fazem é no estilo "self-service", escolhendo texto sem levar em conta o "pano de fundo" no qual o mesmo foi escrito.

Ultimamente têm surgido muito material na Internet questionando temas da doutrina ASD, como a Trindade, a Pessoa do Espírito Santo, a devolução dos Dízimos, o modelo administrativo, etc. Mas nota-se claramente que quase nunca são citados textos da autora profética. 

Por que será?

Resolvi, então, analisar aqui rapidamente alguns pontos referentes ao ministério de Ellen White, conforme creem os Adventistas. 

Meu objetivo não é fazer um estudo exaustivo sobre o tema, o que está além das características de um Blog, mas apenas resumir sucintamente o assunto. O material é uma adaptação de tópicos do excelente livro do Dr. Herbert Douglass, "Mensageira do Senhor", ponto de partida para todo sincero estudioso do ministério profético de Ellen White.


Quem São os que Não Aceitam Ellen White como Profetiza?


1. Aqueles que creem em alguma forma de inspiração verbal baseiam muitas vezes sua crítica ou rejeição na casual mudança de uma palavra ou data questionável. Dizem que se existem erros históricos ou científicos, por exemplo, então não podemos crer na inspiração do profeta.

2. Aqueles que estão, consciente ou inconscientemente, comprometidos com certas doutrinas teológicas inadequadas expostas por alguns reformadores protestantes. Por isso rejeitam os principais aspectos dos ensinos de Ellen White sobre o plano da salvação. Por exemplo: Os que não creem que Cristo desenvolveu duas fases específicas como Sumo Sacerdote após Sua ascensão rejeitarão abertamente a contribuição de Ellen White à doutrina adventista do santuário, e provavelmente seu ministério de ensino em geral.

3. Aqueles que ficam incomodados com a reprovação de pecados particulares, também tendem a descartar a orientação profética.

4. Os que têm algum preconceito pela fato de não aceitarem que Deus usaria uma mulher como Sua mensageira para estes últimos dias.

Quando uma pessoa é classificada em uma dessas categorias, a reação normal é a mesma exercida pelos que não aceitam a Bíblia como revelação divina: “Isto não faz sentido para mim” - dizem. Para aqueles que são motivados pela obstinação e orgulho de opinião, ouvir o chamado de Deus para confiar na mensagem quando o mensageiro comete erros humanos não faz sentido.



Por que os Adventistas Creem no Ministério Profético de Ellen White?

Os Adventistas acreditam que o dom de profecia bíblico, manifestado na vida de diferentes pessoas do passado, tanto homens quanto mulheres, também foi demonstrado na Igreja de Deus do tempo do fim, através do ministério de Ellen Gould White, uma consagrada cristã americana que morreu em 1915, na casa dos 80 anos de idade. E como podemos ter esta certeza?

1) Os profetas verdadeiros devem ensinar conforme o que já está revelado anteriormente, ou seja, não pode haver contradição entre as mensagens de um profeta para outro, pois um só Espírito concede o dom a todos. A Bíblia destaca especialmente dois pontos sobre os quais um verdadeiro profeta poderia ser considerado “iluminado”: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8:19-20). Um profeta verdadeiro não falaria nada contrário à Lei do Senhor, nem iria de encontro ao testemunho revelado por meio de outros profetas.
E Ellen Gould White cumpre perfeitamente esta condição, pois seus escritos nunca contradizem a Lei de Deus; pelo contrário, esta mensageira de Deus recebe inúmeras críticas por escrever exaustivamente sobre a importância de se obedecer aos Mandamentos do Senhor; bem como ela jamais fala algo que venha a desmerecer ou colocar em posição inferior o que está escrito através dos profetas bíblicos. Veja um exemplo:
A Bíblia e a Bíblia tão só, deve ser nosso credo, o único laço de união; todos os que se submeterem a essa Santa Palavra estarão em harmonia entre si” – Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 416.

2) A própria vida do profeta deve testemunhar de seu relacionamento pessoal com o Senhor. Jesus mesmo definiu um excelente critério para examinarmos a veracidade do ministério de alguém: “pelos seus frutos os conhecereis” (cf. Mt 7:15-20).
No ministério de Ellen Gould White vemos uma vida de perfeita dedicação ao Senhor, e através de sua vasta produção literária (mais de 100.000 páginas) esta mulher procurou sempre levar as pessoas para mais perto do amor e da graça de Cristo. Livros como Caminho a Cristo, O Desejado de Todas as Nações, O Grande Conflito, História da Redenção, O Maior Discurso de Cristo, etc., têm sido considerados verdadeiras obras-primas literárias sobre a vida e ministério do nosso Senhor Jesus Cristo. Os frutos da vida de Ellen Gould White demonstram a comprovação divina sobre o seu ministério.

3) Através de seus conselhos, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, apesar de jovem, tornou-se modelo mundial de organização, eficiência e crescimento, com um respeitado sistema de educação (recentemente citada em matéria da revista VEJA, inclusive), excelentes instituições médicas e um estilo saudável de vida que tem trazido cura e longevidade para seus membros em todo o mundo; tudo isso graças aos oportunos e inspirados conselhos que Ellen Gould White repassou para a Igreja, após tê-los recebido do próprio Criador e Mantenedor de todas as coisas. Ela escreveu milhares de páginas manuscritas de orientações à Igreja, nas mais diversas áreas: saúde, culinária, família, salvação, finanças, evangelismo, profecias, história da Igreja Cristã, luta do Bem com o Mal, educação dos filhos, pedagogia, etc. Suas obras de saúde, por exemplo, são estudadas por médicos em todo o mundo, que aplicam os conhecimentos ali descritos e conseguem resultados que a medicina convencional jamais conseguiu. As obras sobre educação, por exemplo, são utilizadas por pedagogos para fundamentarem suas pesquisas em nível de Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado.

Pergunta-se: 

como uma mulher semi-alfabetizada poderia explanar tantos conceitos médicos, científicos, filosóficos, antropológicos, sociológicos, além dos teológicos e espirituais, sendo que nunca sentou em um banco universitário, ou não teve acesso às teorias que somente em nossos dias estão sendo comprovadas pelos cientistas?
A resposta parece óbvia...
Deus, o Autor de todo o conhecimento, orientou Ellen White em seus escritos.

A Bíblia declara que nossa atitude para com a obra de um profeta verdadeiro, como o é Ellen Gould White, deve ser de humildade e agradecimento, pois Deus iluminou Seu povo nestes últimos dias com temas e respostas que seriam vitais à Sua militante Igreja do tempo do fim. 


Não devemos desprezar nem lançar descrédito sobre as mensagens dos profetas do Senhor, sob pena de não recebermos as bênçãos maravilhosas que Ele deseja derramar sobre nós, pelas mensagens dos Seus santos profetas (cf. 2Crôn. 20:20; 1Ts 5:19-21).

Antes de julgar se Ellen White é uma profetiza verdadeira ou não, sugiro que você leia alguns dos seus livros. Comece pelos seguintes: O Desejado de Todas as Nações, O Grande Conflito, Atos dos Apóstolos, Caminho a Cristo, A Ciência do Bom Viver, Conselhos Sobre o Regime Alimentar, Orientação da Criança, Educação, etc.


Depois de ler, faça a si mesmo esta pergunta:

"Como, há mais de 100 anos, ela pode ter escrito coisas tão impressionantes e atuais"?


O Espírito Santo te mostrará a resposta...

PS: E não adianta vir com a velha história de "plágio", porque esta falácia TAMBÉM já foi desmascarada.


 http://prgilsonmedeiros.blogspot.com/p/blog-page_19.html

Comentários

Filipe Reis disse…
Olá Prof.,

A este propósito gostaria de partilhar com o irmão algo que escrevi há tempos: A minha posição sobre o ministério de Ellen White.

Abraço.
Maria Gonçalves disse…
Nunca li um livro completo dessa autora, apenas excertos na Internet.Mas penso que isso não me impede de dar uma opinião.Ao fim e ao cabo,dialogar é salutar e faz bem à mente. O meu objetivo não é tentar convencer ninguém mas pôr em ordem as ideias na minha cabeça através da escrita e ler as opiniões dos outros não para as combater mas para discernir, refletir.Há tempos, li qualquer coisa dela sobre a assistência aos pobres e pareceu-me que ela dava mais importância aos pobres que pertenciam à igreja adventista porque faziam parte do povo de Deus. Os pobres não adventistas teriam que ser ajudados pelas outras igrejas ou instituições existentes na época.Não sei dizer qual era a obra, veio-me agora esta lembrança. Se puder clarificar-me, agradecia. Na altura, fiquei um pouco contra aquelas ideias mas poderá dar-se o caso de ser uma questão de gestão de recursos, primeiro gastar-se-ia com os que partilhavam a mesma fé e o que sobrasse logo se veria.
Gilson Medeiros disse…
Cara Maria Gonçalves, vodê está mesmo equivocada sobre o assunto, pois Ellen White nunca disse que os pobres não-Adventistas estão sem segundo plano, pelo contrário.

Porém, como você mesma já admitiu, nunca leu nenhum livro dela, e, ao que percebo, está fundamentando suas conclusões somente no "ouvi dizer"... isso não dá certo!

Sobre este assunto, sugiro a leitura do excelente livro "Beneficência Social", editado pela Casa Publicadora Brasileira (www.cpb.com.br)

Um abraço.
Gilson.
Ela foi realmente uma verdadeira profetiza. Tenho muito orgulho de crer Nela.
Fabio disse…
Tambem li alguns textos que se referiam ao casamento entre brancos e negros ser errado. E que a masturbação seria responsavel por algumas doenças. A igreja adventista nega estas afirmações de Ellen White?
Gilson Medeiros disse…
Prezado Fábio,

Aqui no blog você encontra uma explicação sobre a declaração do casamento entre negros e brancos.

Quanto à masturbação, a própria Psicologia moderna já admite que a pornografia é um vício, semelhante ao das drogas químicas.

"Crede nos Seus profetas e prosperareis..."

Um abraço.
Gilson.
Jair disse…
Infelizmente,existe MUITAS besteiras e bobagens ditas a respeito de Ellen White.Uma delas,publicada no blog 'Nitogricerina Pura 2010':"Ellen White escreveu um monte de livros só pra falar mal da religião dos outros"...fora outras publicadas nesse e em outros blogs e sites que não vou perder meu precioso tempo de discorrer a respeito.
Anônimo disse…
O que acontece com alguém que quer ser Adventista mas que vê Ellen White apenas como uma escritora como qualquer outro escritor, não vê sua literatura como luz menor da Bíblia? Pode se batizar e ser membro?
Anônimo disse…
Caro anônimo
Uma pessoa quem não crê no ministério de Ellen White, não poderá batizar-se na Igreja Adventista.

Sugiro que estude melhor o tema e verá que os escritos dela estão perfeitamente em harmonia com a Bíblia.

um abraço
Gilson
Anônimo disse…
Obrigado pela resposta. Deus abençoe.
Anônimo disse…
Porque não conhecem ela (simples), mas, o que me preocupa é quando muitos se usam de seletividade para defender algumas visões e alguns infelizmente querem ler a Bíblia aos olhos de EGW (isso é um baita problema). Costumo dizer sempre: A Bíblia é totalmente auto-suficiente para nossa salvação, quando entendermos isso e de fato conhecermos a Bíblia, nossas doutrinas, nossas posições serão tranquilas e poderemos desfrutar os livros dela como um "dicionário" ou "uma mensagem com novos comentários" uma "explanação mais aguda". Mas o teste é simples, prove ela segundo a palavra, a Lei e o Testemunho se estes não falarem jamais verão a alva....
Anônimo disse…
Gilson,

Ontem entrei em choque ao conversar com um irmão e ele me informar que durante uma reunião do ministério pessoal neste fim de semana o Pastor foi enfático ao afirmar que se a pessoa não aceita EGW ela não deve se batizar na Igreja, foi uma decepção monstruosa considerando nossa história e considerando nossa posição perante o mundo evangélico, com isso me pergunto:

1 - Onde ela entra em um plano de salvação?
2 - Onde seus escritos entram como regra de fé (nem se deveria ter ela como um autoridade na crença em si, pois, me parece que entra em choque direto com a crença básica das escrituras)?
3 - Onde ela tem aplicação universal como a Bíblia (já sabemos que ela não tem)?
4 - Onde está escrito que a aceitação do dom espiritual constitui demonstração na comunhão entre irmão redimidos em Cristo?
5 - Nossa doutrina é dependente dela ou da Bíblia?
6 - Voltamos nós a ser uma "seita" fundamentalista que afirmava sua inspiração verbal e regra infalível como Jones acreditava por volta de 1890?
7 - Entendemos o que é o Espírito de profecia, manifestação do Espírito de profecia e dons espirituais? Ou misturamos tudo?

Pra ser bem sincero estou realmente desapontado com o retorno a velhas práticas adventistas e as vezes não consigo me sentir bem em ver um líder estudado ter o compromisso com a Igreja e não com Cristo.

Embora leia conheça seus escritos não faço dela um interpretadora da Bíblia e muito menos uma "papisa", acho uteis e ajudam a entender a evolução do pensamento adventista, mas, vejo vários agravantes como erros das quais chamamos de "verdade presente" em seus escritos que não seriam aceitos hoje em dia, e qualquer coisa fora disso é mero fanatismo e fundamentalismo adventista.

Talvez quando se pensa como uma criança espiritual isso não seja importante, mas, quando se é maduro é impossível aceitar algumas posições e isso não desmerece a obra dela e de tantos outros que estudaram a Bíblia e ajudaram a nós.

Gostaria que compartilhe-se conosco sua visão, como não é Pastor talvez possa ser realista no que significa tal preposição de se negar o batismo a uma pessoa considerando todos os pontos observados.

No aguardo.
Gilson Medeiros disse…
Caro anônimo, entendo perfeitamente seu questionamento, mas discordo dele pelos motivos que já escrevei aqui no blog, especialmente no que se refere à crença dos Adventistas no ministério de Ellen White.

Se uma pessoa deseja ser membro da IASD, como de qualquer outra denominação, ela precisa aceitar aquilo que os Adventistas creem. Concorda?!

Uma vez que eu não creio num ponto tão importante da doutrina Adventista, que é a crença no ministério profético de Ellen White (e isso nada tem que ver com colocar os escritos dela como "regra de fé"), então eu não estou apto a me tornar membro da denominação.

Não esqueça que o batismo pressupõe aceitação completa daquilo que a comunidade de crentes acredita. Crer de forma "incompleta" não é algo saudável para a comunidade dos crentes (cf. Atos 19:1-7).

Portanto, meu caro, creio que a igreja local toma uma atitude correta ao negar a aceitação como membro (é isso que a igreja faz... quem resolve se batiza ou não é o pastor) de alguém que não crê naquilo que os Adventistas creem.

Um abraço
Gilson.
Amandio Galvão disse…
Bom dia Prof Gilson Medeiros.
Li o seu post e achei interessante as suas convicções.
Vejo que é Mestre em Teologia e gostaria de pôr uma questão que me tem irresoluto. São as seguintes citações:

a) A primeira escrita em 1850:
"Voltei-me para ver o grupo que estava ainda curvado perante o trono; eles não sabiam que Jesus o havia deixado. Satanás parecia estar junto ao trono, procurando conduzir a obra de Deus. Vi-os erguer os olhos para o trono e orar: “Pai, dá-nos o Teu Espírito.” Satanás inspirava-lhes uma influência malévola; nela havia luz e muito poder, mas não suave amor, gozo e paz. O objectivo de Satanás era mantê-los enganados e atrair de novo e enganar os filhos de Deus." - ELLEN WHITE, Primeiros Escritos, ed. 2007, p.74, 75. (1850).

b) A segunda escrita em 1870:
"Satanás treme ao contemplar sua obra. Ele está sozinho meditando sobre o passado, o presente e o futuro de seus planos. Sua poderosa estrutura vacila como com uma tempestade. Um anjo do Céu está passando. Ele o chama e suplica uma entrevista com Cristo. Isto lhe é concedido. Então, relata ao Filho de Deus que está arrependido de sua rebelião e deseja voltar ao favor divino. Está disposto a tomar o lugar que previamente Deus lhe designara e sujeitar-se a Seu sábio comando. Cristo chorou ante o infortúnio de Satanás mas disse-lhe, como pensamento de Deus, que ele jamais poderia ser recebido no Céu. O Céu não devia ser colocado em perigo. Todo o Céu seria manchado se fosse recebido de volta, pelo pecado e rebelião originados com ele." - ELLEN WHITE, História da Redenção, ed. 2008, p.23. (1870).

Por questão de respeitar os limites de uma citação de autor não transcrevi o contexto, que podemos encontrar nos livros originais. O primeiro relato (1850) está no contesto do pós desapontamento de 1844. O segundo relato (1870) se encontra inserido na criação de Adão e Eva e a tentação de Satanás.
Se já na criação da Terra, e de Adão e Eva, Satanás está banido do Céu e da presença de Deus, como pode Satanás estar no Lugar Santo (junto de Deus e de Jesus) em 1844 a administrar as orações daqueles que não acreditaram na mensagem do Santuário de 1844?

O problema é que não consigo conciliar as duas descrições, pois são excludente. A minha pergunta é: qual dos dois relatos é o correcto?
Gilson Medeiros disse…
Caro irmão Amancio, no próprio livro Primeiros Escritos (pág. 111-112), Ellen White explica que a visão de satanás junto ao trono era algo "figurado", o que poderíamos hoje chamar de uma "parábola".

Ou seja, não há nada de excludente nas duas declarações, pois uma é no sentido real, e a outro, no figurado.

Um abraço
Gilson.
Amandio Galvão disse…
Estimado Prof. Gilson Medeiros, agradeço a sua disposição e pronta resposta. Devo reconhecer que a sua explicação é brilhante. Resolve numa curta frase duas narrativas aparentemente contraditórias.

Devo ter lido algures no tempo as páginas 111 e 112, pois acho que nos últimos 47 anos devo ter lido todos os livros da irmã White publicados em português e em castelhano. E uns poucos em inglês (aqueles que não foram traduzidos). E também artigos da irmã White nas revista da época, The Advent Review and Sabbath Herald e The Present Trust.

Quanto às páginas 111 e 112, um SUPLEMENTO que pretende conter a controvérsia levantada ao respeito, a irmã White não dá uma explicação fundamentada sobre ela ter 'visto' Satanás no Lugar Santo a "tratar de conduzir a obra de Deus" no grupo daqueles que rejeitaram a mensagem de 1844. Ela se limita a dizer: "nunca pensei que qualquer mortal pudesse supor que eu cria estivesse Satanás realmente na Nova Jerusalém".

Bem, eu não suponho nada. Exactamente isso é o que ela expõe na sua narrativa.

O texto em si mesmo é claro e expressivo. Um axioma. Se queria dizer outra coisa não esclareceu nem fundamentou. O SUPLEMENTO foi uma oportunidade de esclarecer o porquê e o significado. Não o fez. É como se eu entrasse num comércio e furtara alguma coisa, e ao ser descoberto me defendesse: como você pode pensar que eu roube? É aquela situação de, ‘onde disse digo, digo Diogo’. Tão recorrida na política. E também na religião.



No SUPLEMENTO 'explicativo' a irmã White introduz um novo elemento, a Nova Jerusalém.

Tempo e lugar se confundem entre os dois textos. A narrativa de 1850 tem lugar no Santuário Celestial (lugar) a 22 de Outubro de 1844 (tempo). Assim está explícito no Prefácio do livro:

"PREFÁCIO:

“Verdades confirmadas por visão

Enquanto se estava procedendo a esse estudo, e antes de ser publicado seu trabalho, longe, no oriente do Estado de Maine, foi dada uma visão a Ellen Harmon, na qual lhe foi revelada a transferência do ministério de Cristo, do lugar santo para o lugar santíssimo, final dos 2.300 dias. O registro dessa visão encontra-se em Primeiros Escritos, 54-56. [páginas 74 e 75 da Edição de 2007] - Primeiros Escritos, Prefácio Histórico, pp. xxi, xxii "

Nas páginas 54-56 [74, 75 da Edição de 2007} onde é descrita a visão, tem por título: "Fim dos 2.300 dias". O 'lugar' e o 'tempo' estão perfeitamente identificados (Santuário Celestias, 1844).

Mas no SUPLEMENTO o lugar passa do Santuário Celestial para a Nova Jerusalém. A narrativa se encontra no passado, mas a suposta ‘explicação’ no futuro. A explicação é desconexa da narrativa, insuficiente e fora tando de 'lugar' como de 'tempo. Parece-me que o argumento tem as características de um sofisma.



É claro que estas contradições geram desassossego. Mais ainda quando são várias ao longo dos seus escritos. E a ambiguidade em como a irmã White trata o assunto leva a ter mais cautela. Na minha opinião.

Sei que as nossas vidas profissionais nem sempre nos permite ter o tempo necessário para uma escrita meditada, com argumentos bem fundamentados, num blogue. Não quero roubar o seu tempo, pois suponho que o irmão tem coisas mais importantes a fazer do que estar a dar-me o seu tempo livre. É a primeira vez que faço um comentário. Não costumo entrar em discussões de foros e blogues, em dissidências que tanto abundam pela Net. Há responsabilidades mais importantes nas nossas vidas de cristãos, não é verdade? Esta vez atrevi expor esta questão porque desejava conhecer o parecer de um especialista, digamos neutral (o facto de ter formação académica e não estar vinculado ao pastorado denominacional). Ao ler os seus post senti confiança. Talvez não fosse apropriado tratar aqui esta inquietude. Reitero o meu agradecimento.