Parece que quanto mais o tempo passa, mais as pessoas se deixam levar pelos preconceitos, e não se abrem os olhos para a beleza da Revelação Divina.
Especialmente com relação às profecias de Daniel e Apocalipse, a cegueira no mundo cristão, de um modo geral, é alarmante! Fazem uma "salada hermenêutica", tentando provar teorias que a exegese sincera da Bíblia jamais confirmou.
Dentre os temas mais utilizados pelos opositores da mensagem Adventista está a profecia de Dan. 8:14, cuja interpretação é bastante peculiar da nossa denominação... graças a Deus!
Duas perguntas me foram feitas sobre o tema. Apesar de já ter postado muita coisa sobre o assunto (é só verificar na lista de assuntos ao final desta coluna à direita do blog), vou aqui responder, suscintamente, estas indagações.
1. Como provar que a IASD surgiu por profecia, se não há na Bíblia essa profecia que dê privilégio a sua organização?
Em primeiro lugar, a Biblia não tem realmente nenhuma profecia referente ao surgimento, explícito, da "organização" Adventista do 7º Dia. Isso é verdade!
Entretanto, é notória a confirmação de que a profecia de Dan. 8:14 se cumpriu em 1844 d.C., data que deu origem ao "embrião" missionário que culminou com a formalização da Igreja Adventista do 7º Dia, cerca de 20 anos mais tarde.
Vamos relembrar um pouco sobre o contexo da profecia a que me referi acima:
Daniel não entendeu o significado completo da visão que recebera, e isso trouxe um sentimento de enfraquecimento físico e mental sobre ele (cf. 8:27). O capítulo 9 inicia com uma oração do profeta para que o Senhor o ilumine sobre o significado do importante período de dominação do “chifre pequeno” (poder papal) sobre o povo de Deus. E o Senhor o orienta sobre isso.
O anjo Gabriel, o mesmo que anunciou a visão inicialmente (cf. 8:16), é agora enviado para explicar mais detalhadamente o desenvolvimento da visão dos 2300 anos para Daniel. Como um “selo” sobre a profecia, encontramos um período especial de tempo de 70 semanas (ou 490 anos) que seriam “determinadas” (ou “cortadas”, do heb. CHATHAK) sobre o povo de Israel. Estas 70 semanas marcariam o início dos 2300 anos, selando a visão e a profecia (9:24).
a) “desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém” (v. 25).
Houve 3 decretos principais de restauração sobre Jerusalém, que na época de Daniel estava em ruínas, devido às invasões babilônicas de 605 a.C., 597 a.C. e 586 a.C.:
1º decreto: de Ciro, em 537/538 a.C., que concede permissão para reconstruir o templo em Jerusalém (Esdras 1:1-3);
2º decreto: de Dario I Histaspes, em 519/520 a.C., que dá autorização para que se continue a reconstrução, porém com garantias financeiras (Esdras 6);
3º decreto: de Artaxerxes I Longímano, em 457 a.C., que liberta completamente o povo judeu da servidão à Pérsia, dando-lhes autoridade para reconstruir o Estado israelita (Esdras 7:1-13). Artaxerxes ainda promulgou um decreto extra, em 444 a.C. (cf. Neemias 1 e 2), apenas complementando o de 457 a.C.
Qual o decreto que deve ser utilizado para o início da profecia de Dn 8:14?
Apenas o 3º decreto, o de 457 a.C., concedeu a Jerusalém o seu renascimento legal, pois autorizou a indicação de magistrados e juízes e, em particular, restabeleceu as leis judaicas como base do governo local, restaurando Jerusalém como capital do reino. Também somente a partir desta data (457 a.C.) chegamos perfeitamente às datas mencionadas na profecia: batismo de Jesus, Sua morte expiatória, início da pregação aos gentios, etc.
O cálculo é simples:
2300 - 490 = 1.810
As "70 Semanas" se encerraram em 34 d.C., com a morte de Estêvão, o último "profeta" nos moldes do AT e o primeiro "mártir" cristão.
Portanto...
34 + 1.810 = 1.844 d.C. (data final da profecia)
A partir desta data, surgiu o "povo" que levantaria bem alto a proclamação das 3 mensagens angélicas de Apoc. 14, povo este que já havia sido mencionado no capítulo 10 do mesmo livro, profetizando a todo o mundo.
Mais detalhes sobre a profecia podem ser facilmente encontrados nos livros denominacionais, tendo sido, inclusive, objeto de estudo durante 3 meses de uma lição da Escola Sabatina recentemente "mastigada".
2. Como aceitar a interpretação adventista de Daniel 8:14, como dias proféticos, quando o profeta faz referência ao sacrifício continuo? (noto aqui uma dificuldade para os adventistas para explicar sacrifício continuo).
Mais uma vez confirmo minha "teoria" de que os nossos opositores não se dão ao trabalho de estudarem a exegese bíblica a fundo e, muito menos, o que a Igreja Adventista rotineiramente escreve sobre o assunto. Em tempos de Internet, parece que muitos já se acostumaram ao surrado "CTRL+C CTRL+V", mas não páram para analisarem que muitas dessas informações divulgadas em sites pseudo-apologéticos são fragilíssimas em sua sustentação escriturística.
Vejamos...
“Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” – Dn 8:13-14.
O Termo TAMID
O v. 11 declara que o chifre pequeno tiraria o “sacrifício diário” (Almeida Revista e Atualizada), ou o “contínuo sacrifício” (Almeida Revista e Corrigida). Porém, a palavra hebraica que aparece neste verso e nos seguintes, referindo-se a este “sacrifício” contínuo é TAMID. No original, não aparece a palavra “sacrifício”, como foi colocada em nossa tradução para o português.
Esta palavra (TAMID) aparece sempre no contexto do trabalho contínuo realizado no santuário de Israel (um símbolo da contínua mediação de Jesus como Sumo-Sacerdote do santuário celestial). Alguns versos nos quais aparece esta mesma palavra no hebraico são: Nm 4:7, 16: 28:10, 15, 23, 24, 31; 29:6, 11, 16; 29:19, 22, 25, 28, 31, 34, 38. Observe que TAMID sempre aparece no contexto dos serviços de intercessão e expiação contínua do santuário.
Um dos trabalhos do chifre pequeno seria adulterar o TAMID do santuário (v. 11). Ou seja, o chifre estaria disposto a criar um novo sistema de mediação, para ser colocado no lugar da mediação e intercessão que apenas Jesus pode realizar em nosso favor. Aos poucos, a igreja de Roma foi ofuscando a única e eficaz mediação de Jesus em nosso benefício no santuário celestial (1Tm 2:5; Hb 8:6), e em seu lugar colocou um novo sistema de mediação, no qual Maria e os “santos” ocupam o lugar que unicamente Jesus tem autoridade para fazê-lo.
Como vemos, o TAMID foi retirado, conforme profetizado em Daniel, e substituído por um outro sistema, segundo a “autoridade” arrogada por Roma. A verdade foi, paulatinamente, deitada por terra... pena que muitos ditos "evangélicos" não querem se dar conta disso!
“Até quando?”
No v. 13 é apresentada a preocupação com relação ao fim deste período de dominação e usurpação que seria característico do chifre pequeno. A ênfase é no “até quando”, ou seja, por quanto tempo duraria esta visão do contínuo e da rebelião? Surge, então, a misteriosa declaração: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (v. 14).
O termo “purificado” é uma tradução da palavra hebraica TSADAQ. Ela, e suas variantes, têm outros significados que podem nos ajudar a entender melhor a visão. Vejamos como a palavra foi traduzida em outras versões bíblicas.
“Seria feita justiça” – Bíblia de Jerusalém
“Seria reconsagrado” – Nova Versão Internacional
“Será levado a uma condição correta” – Trad. Novo Mundo
“Será restabelecido em seus direitos” – Trad. Ecumênica
“Será limpo” – King James Version
Vê-se que não há uma palavra única, em português, apropriada para a tradução de TSADAQ.
Interessante notar ainda, que Daniel não utiliza o termo TAHER, que também significa “limpar”, “purificar” (Gn 7:2, 8; Lv 12:4, 5, 6; 15:28; Dt 14:11; etc.). TAHER tem um sentido de purificação legal, mas a ação do chifre pequeno afeta o santuário celeste, como vemos claramente nos estudos de Daniel, Hebreus e Apocalipse.
TSADAQ, por outro lado, tem o sentido de uma purificação mais ampla, e ocorre também em contextos judiciais. Assim, a obra não seria apenas “purificar” (TAHER), mas “vindicar” (TSADAQ) – Hb 9:23.
Ao final do período da visão, o Santuário e seu sistema de mediação contínua (TAMID) seria “justificado”, ou seja, após o período de supremacia do poder do chifre pequeno (Roma), o Santuário voltaria a ser conhecido e valorizado pelo povo de Deus, que havia recebido o ensinamento de um sistema de mediação adulterado (dogmas do papado), que tirou o papel único de Jesus como Mediador da raça humana. O TAMID do ministério sacerdotal de Cristo no Santuário celestial (cf. Hb 7:25; 1Jo 2:1) é a verdadeira adoração de Cristo na era evangélica.
Suprimir o TAMID significa a substituição feita pelo poder papal da união voluntária de todos os crentes em Cristo, por uma união obrigatória com uma igreja visível – a católica romana.
Para a pergunta inicial do v. 13 (até quando duraria a visão?) é apresentada uma resposta no v. 14: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs”.
“Tardes e manhãs”
A expressão “tarde e manhã” é a tradução das palavras EREB BOQER, que aparecem no contexto da Criação em Gênesis, como representando um dia literal de 24 horas (Gn 1:5, 8, 13, 19, 23, 31). Isso mostra que a expressão “tarde e a manhã” de Dn 8:14 deve ser entendida como um dia, conforme aparece exemplificada em Gênesis. Não há como desmembrar a expressão para que dê 1150 dias, como sugerem alguns teólogos modernos.
Sabemos, então, que as 2300 tardes e manhãs representam 2300 dias inteiros, porém há mais um detalhe a se observar: o contexto da profecia sugere que ela se desenvolveria por um período de tempo bem extenso, além do tempo de Daniel, conforme os versos 17 a 26. Os 2300 dias literalmente representariam pouco mais de 6 anos, o que não daria a extensão descrita pelo ente celestial (“ao tempo do fim”). O contexto mostra que a profecia envolveria os reinos Medo-Persa (v. 20), Grécia (v. 21) e um reino que viria depois destes (vv. 22-25), historicamente tratando-se de Roma.
Portanto, os 2300 dias da profecia de Dn 8:14 não podem ser entendidos literalmente, mas sim como “dias proféticos”, que tinham o valor de 1 ano para cada 1 dia.
Há algum meio de comprovar este princípio “dia-ano” através da Bíblia? Vejamos...
a) Lv 25:8 – as sete semanas de ano, cada dia por um ano.
b) Nm 14:34 – os 40 dias, cada dia por um ano.
c) Ez 4:6-7 – os 40 dias de exílio, cada dia por um ano.
Fica evidente, após um estudo acurado e destituído de preconceitos, que todos os esforços para harmonizar o período da profecia de Dn 8:14 como sendo de 2300 dias, ou 1150 dias, com qualquer época histórica que se mencione nos livros de Macabeus e em Josefo, têm sido inúteis.
Parece impossível encontrar os acontecimentos separados por 2300 dias, que corresponderiam com a descrição de Daniel 8. A única forma em que se pode dar consistência a estas “tardes e manhãs” é computá-las mediante a aplicação bíblica do princípio dia-ano.
Aplicando-se tal princípio à profecia de Dn 8:14, vemos que os 2300 dias representam, na verdade, 2300 anos. Portanto, ao final deste período o Santuário seria vindicado em seu real propósito de ensinar a perfeita, eficaz e completa mediação de Jesus em nosso favor no Santuário celestial. Ao fim deste período, a mensagem de mediação sumo-sacerdotal de Jesus seria “restaurada”, e o santuário celestial seria “vindicado”, ou “justificado”, em relação ao falso sistema de mediação imposto pela igreja católica romana, através da mariolatria e dos “santos”.
Portanto, a Igreja Adventista do 7º Dia tem uma base sólida, bíblica e inquebrantável sobre sua origem profética... só não vê quem não quer.
Especialmente com relação às profecias de Daniel e Apocalipse, a cegueira no mundo cristão, de um modo geral, é alarmante! Fazem uma "salada hermenêutica", tentando provar teorias que a exegese sincera da Bíblia jamais confirmou.
Dentre os temas mais utilizados pelos opositores da mensagem Adventista está a profecia de Dan. 8:14, cuja interpretação é bastante peculiar da nossa denominação... graças a Deus!
Duas perguntas me foram feitas sobre o tema. Apesar de já ter postado muita coisa sobre o assunto (é só verificar na lista de assuntos ao final desta coluna à direita do blog), vou aqui responder, suscintamente, estas indagações.
1. Como provar que a IASD surgiu por profecia, se não há na Bíblia essa profecia que dê privilégio a sua organização?
Em primeiro lugar, a Biblia não tem realmente nenhuma profecia referente ao surgimento, explícito, da "organização" Adventista do 7º Dia. Isso é verdade!
Entretanto, é notória a confirmação de que a profecia de Dan. 8:14 se cumpriu em 1844 d.C., data que deu origem ao "embrião" missionário que culminou com a formalização da Igreja Adventista do 7º Dia, cerca de 20 anos mais tarde.
Vamos relembrar um pouco sobre o contexo da profecia a que me referi acima:
Daniel não entendeu o significado completo da visão que recebera, e isso trouxe um sentimento de enfraquecimento físico e mental sobre ele (cf. 8:27). O capítulo 9 inicia com uma oração do profeta para que o Senhor o ilumine sobre o significado do importante período de dominação do “chifre pequeno” (poder papal) sobre o povo de Deus. E o Senhor o orienta sobre isso.
O anjo Gabriel, o mesmo que anunciou a visão inicialmente (cf. 8:16), é agora enviado para explicar mais detalhadamente o desenvolvimento da visão dos 2300 anos para Daniel. Como um “selo” sobre a profecia, encontramos um período especial de tempo de 70 semanas (ou 490 anos) que seriam “determinadas” (ou “cortadas”, do heb. CHATHAK) sobre o povo de Israel. Estas 70 semanas marcariam o início dos 2300 anos, selando a visão e a profecia (9:24).
a) “desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém” (v. 25).
Houve 3 decretos principais de restauração sobre Jerusalém, que na época de Daniel estava em ruínas, devido às invasões babilônicas de 605 a.C., 597 a.C. e 586 a.C.:
1º decreto: de Ciro, em 537/538 a.C., que concede permissão para reconstruir o templo em Jerusalém (Esdras 1:1-3);
2º decreto: de Dario I Histaspes, em 519/520 a.C., que dá autorização para que se continue a reconstrução, porém com garantias financeiras (Esdras 6);
3º decreto: de Artaxerxes I Longímano, em 457 a.C., que liberta completamente o povo judeu da servidão à Pérsia, dando-lhes autoridade para reconstruir o Estado israelita (Esdras 7:1-13). Artaxerxes ainda promulgou um decreto extra, em 444 a.C. (cf. Neemias 1 e 2), apenas complementando o de 457 a.C.
Qual o decreto que deve ser utilizado para o início da profecia de Dn 8:14?
Apenas o 3º decreto, o de 457 a.C., concedeu a Jerusalém o seu renascimento legal, pois autorizou a indicação de magistrados e juízes e, em particular, restabeleceu as leis judaicas como base do governo local, restaurando Jerusalém como capital do reino. Também somente a partir desta data (457 a.C.) chegamos perfeitamente às datas mencionadas na profecia: batismo de Jesus, Sua morte expiatória, início da pregação aos gentios, etc.
O cálculo é simples:
2300 - 490 = 1.810
As "70 Semanas" se encerraram em 34 d.C., com a morte de Estêvão, o último "profeta" nos moldes do AT e o primeiro "mártir" cristão.
Portanto...
34 + 1.810 = 1.844 d.C. (data final da profecia)
A partir desta data, surgiu o "povo" que levantaria bem alto a proclamação das 3 mensagens angélicas de Apoc. 14, povo este que já havia sido mencionado no capítulo 10 do mesmo livro, profetizando a todo o mundo.
Mais detalhes sobre a profecia podem ser facilmente encontrados nos livros denominacionais, tendo sido, inclusive, objeto de estudo durante 3 meses de uma lição da Escola Sabatina recentemente "mastigada".
2. Como aceitar a interpretação adventista de Daniel 8:14, como dias proféticos, quando o profeta faz referência ao sacrifício continuo? (noto aqui uma dificuldade para os adventistas para explicar sacrifício continuo).
Mais uma vez confirmo minha "teoria" de que os nossos opositores não se dão ao trabalho de estudarem a exegese bíblica a fundo e, muito menos, o que a Igreja Adventista rotineiramente escreve sobre o assunto. Em tempos de Internet, parece que muitos já se acostumaram ao surrado "CTRL+C CTRL+V", mas não páram para analisarem que muitas dessas informações divulgadas em sites pseudo-apologéticos são fragilíssimas em sua sustentação escriturística.
Vejamos...
“Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” – Dn 8:13-14.
O Termo TAMID
O v. 11 declara que o chifre pequeno tiraria o “sacrifício diário” (Almeida Revista e Atualizada), ou o “contínuo sacrifício” (Almeida Revista e Corrigida). Porém, a palavra hebraica que aparece neste verso e nos seguintes, referindo-se a este “sacrifício” contínuo é TAMID. No original, não aparece a palavra “sacrifício”, como foi colocada em nossa tradução para o português.
Esta palavra (TAMID) aparece sempre no contexto do trabalho contínuo realizado no santuário de Israel (um símbolo da contínua mediação de Jesus como Sumo-Sacerdote do santuário celestial). Alguns versos nos quais aparece esta mesma palavra no hebraico são: Nm 4:7, 16: 28:10, 15, 23, 24, 31; 29:6, 11, 16; 29:19, 22, 25, 28, 31, 34, 38. Observe que TAMID sempre aparece no contexto dos serviços de intercessão e expiação contínua do santuário.
Um dos trabalhos do chifre pequeno seria adulterar o TAMID do santuário (v. 11). Ou seja, o chifre estaria disposto a criar um novo sistema de mediação, para ser colocado no lugar da mediação e intercessão que apenas Jesus pode realizar em nosso favor. Aos poucos, a igreja de Roma foi ofuscando a única e eficaz mediação de Jesus em nosso benefício no santuário celestial (1Tm 2:5; Hb 8:6), e em seu lugar colocou um novo sistema de mediação, no qual Maria e os “santos” ocupam o lugar que unicamente Jesus tem autoridade para fazê-lo.
Como vemos, o TAMID foi retirado, conforme profetizado em Daniel, e substituído por um outro sistema, segundo a “autoridade” arrogada por Roma. A verdade foi, paulatinamente, deitada por terra... pena que muitos ditos "evangélicos" não querem se dar conta disso!
“Até quando?”
No v. 13 é apresentada a preocupação com relação ao fim deste período de dominação e usurpação que seria característico do chifre pequeno. A ênfase é no “até quando”, ou seja, por quanto tempo duraria esta visão do contínuo e da rebelião? Surge, então, a misteriosa declaração: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (v. 14).
O termo “purificado” é uma tradução da palavra hebraica TSADAQ. Ela, e suas variantes, têm outros significados que podem nos ajudar a entender melhor a visão. Vejamos como a palavra foi traduzida em outras versões bíblicas.
“Seria feita justiça” – Bíblia de Jerusalém
“Seria reconsagrado” – Nova Versão Internacional
“Será levado a uma condição correta” – Trad. Novo Mundo
“Será restabelecido em seus direitos” – Trad. Ecumênica
“Será limpo” – King James Version
Vê-se que não há uma palavra única, em português, apropriada para a tradução de TSADAQ.
Interessante notar ainda, que Daniel não utiliza o termo TAHER, que também significa “limpar”, “purificar” (Gn 7:2, 8; Lv 12:4, 5, 6; 15:28; Dt 14:11; etc.). TAHER tem um sentido de purificação legal, mas a ação do chifre pequeno afeta o santuário celeste, como vemos claramente nos estudos de Daniel, Hebreus e Apocalipse.
TSADAQ, por outro lado, tem o sentido de uma purificação mais ampla, e ocorre também em contextos judiciais. Assim, a obra não seria apenas “purificar” (TAHER), mas “vindicar” (TSADAQ) – Hb 9:23.
Ao final do período da visão, o Santuário e seu sistema de mediação contínua (TAMID) seria “justificado”, ou seja, após o período de supremacia do poder do chifre pequeno (Roma), o Santuário voltaria a ser conhecido e valorizado pelo povo de Deus, que havia recebido o ensinamento de um sistema de mediação adulterado (dogmas do papado), que tirou o papel único de Jesus como Mediador da raça humana. O TAMID do ministério sacerdotal de Cristo no Santuário celestial (cf. Hb 7:25; 1Jo 2:1) é a verdadeira adoração de Cristo na era evangélica.
Suprimir o TAMID significa a substituição feita pelo poder papal da união voluntária de todos os crentes em Cristo, por uma união obrigatória com uma igreja visível – a católica romana.
Para a pergunta inicial do v. 13 (até quando duraria a visão?) é apresentada uma resposta no v. 14: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs”.
“Tardes e manhãs”
A expressão “tarde e manhã” é a tradução das palavras EREB BOQER, que aparecem no contexto da Criação em Gênesis, como representando um dia literal de 24 horas (Gn 1:5, 8, 13, 19, 23, 31). Isso mostra que a expressão “tarde e a manhã” de Dn 8:14 deve ser entendida como um dia, conforme aparece exemplificada em Gênesis. Não há como desmembrar a expressão para que dê 1150 dias, como sugerem alguns teólogos modernos.
Sabemos, então, que as 2300 tardes e manhãs representam 2300 dias inteiros, porém há mais um detalhe a se observar: o contexto da profecia sugere que ela se desenvolveria por um período de tempo bem extenso, além do tempo de Daniel, conforme os versos 17 a 26. Os 2300 dias literalmente representariam pouco mais de 6 anos, o que não daria a extensão descrita pelo ente celestial (“ao tempo do fim”). O contexto mostra que a profecia envolveria os reinos Medo-Persa (v. 20), Grécia (v. 21) e um reino que viria depois destes (vv. 22-25), historicamente tratando-se de Roma.
Portanto, os 2300 dias da profecia de Dn 8:14 não podem ser entendidos literalmente, mas sim como “dias proféticos”, que tinham o valor de 1 ano para cada 1 dia.
Há algum meio de comprovar este princípio “dia-ano” através da Bíblia? Vejamos...
a) Lv 25:8 – as sete semanas de ano, cada dia por um ano.
b) Nm 14:34 – os 40 dias, cada dia por um ano.
c) Ez 4:6-7 – os 40 dias de exílio, cada dia por um ano.
Fica evidente, após um estudo acurado e destituído de preconceitos, que todos os esforços para harmonizar o período da profecia de Dn 8:14 como sendo de 2300 dias, ou 1150 dias, com qualquer época histórica que se mencione nos livros de Macabeus e em Josefo, têm sido inúteis.
Parece impossível encontrar os acontecimentos separados por 2300 dias, que corresponderiam com a descrição de Daniel 8. A única forma em que se pode dar consistência a estas “tardes e manhãs” é computá-las mediante a aplicação bíblica do princípio dia-ano.
Aplicando-se tal princípio à profecia de Dn 8:14, vemos que os 2300 dias representam, na verdade, 2300 anos. Portanto, ao final deste período o Santuário seria vindicado em seu real propósito de ensinar a perfeita, eficaz e completa mediação de Jesus em nosso favor no Santuário celestial. Ao fim deste período, a mensagem de mediação sumo-sacerdotal de Jesus seria “restaurada”, e o santuário celestial seria “vindicado”, ou “justificado”, em relação ao falso sistema de mediação imposto pela igreja católica romana, através da mariolatria e dos “santos”.
Portanto, a Igreja Adventista do 7º Dia tem uma base sólida, bíblica e inquebrantável sobre sua origem profética... só não vê quem não quer.
Comentários
Fábio Santos
Manaus-AM
IASD Franceses
Fico imensamente feliz em estar ajudando no crescimento espiritual e doutrinário dos meus queridos irmãos e irmãs Adventistas.
Deus seja louvado!
Quero parabenizar por esta matéria e que o Espírito Santo sempre o ilumine para ajudar os verdadeiros cristão professos a discernir. Conforme nos adverte , devemos examiná-las para exortar , repreender e orientar se queremos ter a vida e eterna. O senhor nos Deus inteligência e livre arbítrio para isso e felizmente e Graças a Deus , Ele tem iluminado nosso querido professor Gilson Medeiros.
Abraço de coração
Alexandre Mendes Dias
O trabalho através do blog tem me dado oportunidade de compartilhar com nossos irmãos e irmãs um pouco do conhecimento que o Senhor nos proporciona, especialmente nos bancos escolares do Seminário de Teologia.
Espero, de coração, que muitas pessoas sejam beneficiadas com este trabalho, e que o Reino de Deus se encha de pessoas sinceras e desejosas de conhecerem mais sobre a verdadeira fé em Cristo Jesus.
Sou batisando do movimento de reforma, e estou numa fome sinixtra das coisas Bíblicas. Sou um daqueles alunos que cheiam cheios de dúvidas Bíblicas-doutrinárias na classe batismal, e quando o obreiro diz: "alguem tem alguma dúvida"....
Bom, sobre esse estudo sobre DN 8, gostaria de pedir sua ajuda para compreender bem nossa compreenção dessas profecias:???
Me parece que o capítulo 8 esta falando claramente de Medos e Perças e Gregos-macedôneos, não?
Me parece que o chifre pequeno de Dn 8.9-12 se refere a um rei que saíra do Bode voador, não? Esse rei não seria um rei grego, talvez?
O chifre pequeno que é Roma Papal não é o do quarto animal de Dn 7?
Como se daria tal dualidade: o chifre pequeno de Dn 7, saído do quarto animal, e o mesmo chifre sair do bode voador de daniel 8? Seria mesmo a mesma Roma Papal? O chifre pequeno de dn 8 não seria um rei grego ou macedôneo?
A profecia de Dn8 não estaria se referindo a uma violação do templo judaico ocorrido antes do nascimento de JESUS?
O que é mais entrigante, Professor, é que Dn 8.17 diz que essa profecia era para o fim dos tempos, coisa que a Grécia grande e a Macedônia estão bem longe.
brigadão pela atenção!!!!
No original não aparace a palavra "chifres", estando escrito desta forma: "de um deles..."
Como este "deles" se refere aos 4 ventos (final do verso 8), então o chifre pequeno de Dan. 8 é o mesmo poder do cap. 7, ou seja, Roma em suas fases pagã e papal.
E parece que o sr. entende muito bem disso, haja vista os textos totalmente fora de contexto que o sr. citou.
A doutrina Adventista é puramente bíblica, e nenhuma de nossas crenças fundamentais se baseia nos escritos de Ellen White. Desafio qualquer um a me provar o contrário!
Como o sr. citou alguns textos do santo apóstolo da graça, me permita citar alguns também:
"Porém confesso-te que, segundo o Caminho, a que chamam seita, assim eu sirvo ao Deus de nossos pais, acreditando em todas as coisas que estejam de acordo com a lei e nos escritos dos profetas" (Atos 24:14).
"Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom" (Rom. 7:12).
"...mas o pecado não é levado em
conta quando não há lei" (Rom. 5:13).
"...mas onde não há lei, também não há transgressão" (Rom. 4:15).
E, para finalizar, um de João:
"Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade" (1Jo. 2:4).
Pois é, prezado Pr. Petrônio, parece que tem muita gente por ai dizendo que os 10 Mandamentos passsaram, mas não é isso que a Bíblia diz.
Ou será que o sr., à semelhança de muitos dos seus pares, no fundo só crê em 9 Mandamentos?
Que a paz do Senhor esteja sobre sua vida e sua família (Salmo 119:165).
Quero lhe deixar claro que eu sou ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, sim, só tenho algumas dúvidas que não são tão "leves" [algumas provocadas por debates com opositores], mas não sou de maneira alguma opositor da fé adventista.
Aí vai:
Na minha tradução em Hebreus 9:12 fala que Jesus entrou no santuário, e noutras traduções , ao invés de "Santuário" aparece "Santo dos Santos", mas o verso afirma "sangue de bodes e bezerros", que eram usados somente no dia da expiação [se havia algum outro dia em que o "sangue de bodes e bezerros" era usado, corrija-me, por favor]. Ou seja, a tradução mais correta de acordo com o contexto não seria "Santo dos Santos" ao invés de "santuário"?
e a segunda dúvida, que eu outrora eu houvera lhe enviado:
Hebreus 8:1 e vários outros versos afirmam que Jesus está assentado à direita de Deus. O trono de Deus fica no Santíssimo, então como explicar que, no tempo em que a carta aos Hebreus foi escrita, Jesus já estava no Santíssimo?
Caso queira responder por e-mail, lhe darei em outro post, se não, responda no blog, por favor.
Agradecido, Jarson Araújo.
Desculpe não ter respondido antes, mas minha caixa de comentários está acumulada e estou pegando uns do começo e outros do final... espero concluir logo...rsrs
Por favor, dê uma lida no post que coloquei no link abaixo. Caso a dúvida persista, estou aqui para ajudar no que me for possível.
http://prgilsonmedeiros.blogspot.com/2009/04/quando-jesus-entrou-no-santissimo.html
Um abraço.
Gilson.
CHARLES ANTÔNIO WEBER FILHO - JOINVILLE S/C
Um abraço.
Gilson.
Um abraço.
Gilson.
Um abraço
Gilson.
usar Daniel 9 para interpretar o 8 foi um erro grotesco de analise textual, a marcação exata da contagem começa em ROMA pois é isso que fala a profecia em Daniel 8, pois é de Roma QUE FALA o texto de Daniel8 sobre 2300 tardes e manhãs, por incrível que pareça a data de Daniel 8 termina no ano 5997-5998 do calendário Judaico, faltando bem pouco para a entrada do 7º milênio da criação, 7º milênio esse que será guardado no céu, ver Apocalipse sobre 1000 anos de descanço, logo o ano de 1844 foi um erro de calculo profético, pois quando se completar as 2300 tardes e manhãs será o fim do mundo, pois é isso que fala o mensageiro da profecia, ele fala que isso é o FIM, A IASD ao não revelar isso invalida a profecia, pois essa Profecia fala do tempo do Fim.
Permita-me continuar com a interpretação Adventista desta passagem, pois é a mais coerente que já vi.
Um abraço
Gilson
"Então ouvi dois anjos conversando, e um deles perguntou ao outro: "Quanto tempo durarão os acontecimentos anunciados por essa visão? Até quando será suprimido o sacrifício diário e a rebelião devastadora prevalecerá? Até quando o santuário e o exército ficarão entregues ao poder do chifre e serão pisoteados? " Daniel 8:13.
Segundo essa versão, A pergunta do anjo se refere a todo o conteúdo da visão, e não somente a ação do Chifre pequeno, o que explicaria o longo tempo, no qual a explicação dada nas setenta semanas, data o início no decreto de um rei persa (457 aec).
Um abraço
Gilson.