Com
o objetivo de reforçar nas mulheres a importância de fazer uma rotina
anual de prevenção do câncer de mama, surgiu nos Estados Unidos a
campanha “Outubro Rosa”. Segundo o mastologista Bruno Leonardo de Souza,
com o passar dos anos, esta iniciativa ganhou proporção mundial de uma
forma bonita, elegante e, principalmente, feminina, motivando e unindo
diversos povos em torno de uma causa tão nobre.
A história do “Outubro Rosa” remonta à
última década do século 20, quando o laço cor-de-rosa, foi lançado pela
Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da
primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, em 1990 e, desde
então, promovida anualmente. É a própria instituição quem diz: o nome
tão significativo remete à cor do laço rosa que simboliza, mundialmente,
a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população,
empresas e entidades. Desta forma, a iniciativa passa a ser comemorada
em todo o mundo.
A ação de iluminar de rosa monumentos,
prédios públicos, pontes e teatros surgiu mais tarde, e não há uma
informação oficial de como, quando e onde foi efetuada a primeira
iluminação. O Brasil começou a participar do movimento “Outubro Rosa” em
2010, em uma iniciativa do INCA e da Federação Brasileira de
Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama – FEMAMA. O
importante é que foi uma forma eficaz para que o “Outubro Rosa” tivesse
uma disseminação cada vez mais forte para a população e que,
principalmente, pudesse ser repetida em qualquer lugar, bastando apenas
se adequar a iluminação já existente, segundo a FEMAMA.
De acordo com a Associação Brasileira
dos Portadores de Câncer, a primeira iniciativa vista no Brasil em
relação ao “Outubro Rosa” foi a iluminação do monumento Mausoléu do
Soldado Constitucionalista (mais conhecido como o Obelisco do
Ibirapuera). Essa iniciativa partiu de um grupo de mulheres
simpatizantes com a causa do câncer de mama, que com o apoio de uma
conceituada empresa europeia de cosméticos iluminaram de rosa o Obelisco
do Ibirapuera.
Segundo Bruno Leonardo de Souza, a
campanha é conhecida internacionalmente, e nos últimos anos vem ganhando
destaque no Brasil, mas precisa de uma participação maior do governo.
“Acredito que é uma boa iniciativa, pois tudo que estimula a prevenção
de doenças é válido, no entanto acredito que a eficácia do movimento
depende de um envolvimento maior das autoridades públicas, tímido
atualmente”, comenta o especialista. Como acontece há alguns anos,
Brasília também participa da campanha, iluminando monumentos como a
Catedral, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Palácio do
Buriti.
Detecção Precoce
No Brasil, o câncer de mama é o mais
comum e o segundo que mais mata, de acordo com levantamentos do Instituto Nacional de Câncer – INCA.
A detecção precoce do tumor é a
principal ferramenta para o tratamento e cura da doença. De acordo com o
mastologista Bruno Leonardo, o índice de mortalidade, quando detectado
precocemente, varia de 0 a 5%. Por isso, a prevenção e o diagnóstico
correto podem fazer uma grande diferença. “O exame clínico feito pelo
mastologista e os exames periódicos de ecografia, mamografia e
ressonância magnética, são grandes aliados para a detecção,
principalmente se estiver nas fases iniciais”, comenta o mastologista.
Com isso, as mulheres hoje contam com outra ajuda – o uso dos novos
recursos de imagem de alta definição.
Segundo o médico nuclear Renato Barra,
esses aparelhos vieram com um objetivo: diagnosticar precocemente a
doença. Ele explica que os equipamentos possuem tecnologia de ponta e
facilitam a detecção. A Cintilografia Mamária de Alta Resolução é um
aparelho recente e Brasília foi a primeira cidade no mundo a implantar
esse método. A imagem de alta definição e com menos compressão da mama
traz mais conforto para as mulheres, principalmente para quem tem a mama
mais densa. Outro equipamento capaz de detectar o câncer é a Mamografia
Digital com Contraste, que foi o primeiro método instalado nas
Américas, e propõe a redução do índice de mortalidade.
Tratamento personalizado
O desenvolvimento de novos tratamentos
para câncer, de forma geral, tem sido baseado no conceito de que a
constituição genética de cada tumor é particular e que determina o
comportamento biológico da doença. Dessa forma, o princípio do
tratamento personalizado está em identificar anormalidades específicas e
características de cada tumor que sejam fundamentais para seu
crescimento e desenvolvimento e, a partir dessas informações,
administrar tratamentos específicos diretamente a estas anormalidades. É
o que afirma o médico oncologista e diretor do Centro de Pesquisa em
Oncologia do Hospital São Lucas de Porto Alegre – RS, doutor Carlos
Henrique Barrios.
Barrios afirma que a principal
diferença do tratamento personalizado, para os demais já existentes, é
que ele é centralizado no combate específico do tumor, diminuindo as
chances de atingir as células saudáveis. “O tratamento quimioterápico
tradicional não tem essa especificidade e funciona destruindo um maior
número de alvos e, consequentemente, as células que desenvolvem um papel
importante no padrão de toxicidade”.
No Brasil, o tratamento personalizado
já vem sendo utilizado há algum tempo, porém, seu acesso é limitado a
uma pequena parcela da população em função dos altos custos dos
medicamentos. “Isto faz com que o sistema público de saúde no Brasil não
ofereça a maior parte dos novos tratamentos devido ao seu alto custo”,
revela o médico. O oncologista afirma que existem outras dificuldades
além dessas, como os entraves burocráticos na definição de coberturas
por parte dos seguros de saúde. “Muitos destes tratamentos que se
administram por via oral, não são cobertos pelos planos de saúde com
base na interpretação da legislação existente, que exime os planos de
pagar tratamentos com comprimidos”, esclarece Barrios.
Ele alerta que a mortalidade por câncer
de mama continua aumentando em várias regiões do Brasil, mesmo com o
desenvolvimento de novas alternativas para o tratamento da doença. Sendo
assim, Barrios frisa a importância de um esforço conjunto de gestores
públicos, sociedade organizada, sociedades médicas e de todos os
interessados no problema, para que sejam definidas estratégias claras
que venham a mudar esta triste realidade nos próximos anos.
Mama Mia
Problemas? Todos nós temos. Mas,
quando se trata de câncer, é como se isso nunca pudesse acontecer com
você, apenas com os outros. E é com esse pensamento que nós convivemos e
não acreditamos que podemos ser os próximos. Mas, e se fosse você? Que
tal compartilhar com seus amigos, familiares e até mesmo pessoas
desconhecidas, tudo que está passando em sua vida naquele momento,
dividindo seus sentimentos e conquistas por meio de blogs, sites e redes
sociais? Foi o que fez Margareth Vicente, uma jornalista de 53 anos.
Depois que descobriu que estava com câncer de mama, ela decidiu criar um
arquivo pessoal onde detalhava tudo que estava acontecendo nessa fase
delicada de sua vida.
Toda
a trajetória começou em novembro de 2010 e para a maioria dos seus
amigos e outros familiares, a notícia que ela estava com câncer foi dada
através de um blog chamado “Mama Mia - Um câncer invadiu minha mama”. A
jornalista esperou a hora certa para fazer sua primeira publicação.
Depois das 33 sessões de radioterapia e quatro de quimioterapia, Meg,
apelido carinhoso por qual gosta de ser chamada, passou ainda por uma
quadrantectomia (retirada parcial da mama). A partir daí, Meg decidiu
abrir seu diário, que se tornou virtual. “O objetivo é passar para as
mulheres a reação positiva que tive com o câncer e também mostrar as
minhas experiências”, relata a jornalista.
Meg até hoje faz publicações no seu
blog e não conta apenas sua história. Ela o mantém sempre atualizado com
diversos assuntos para as mulheres e ainda tem o apoio de outras
blogueiras que fazem parte desse ciclo de informações sobre o câncer na
rede social.
A jornalista sempre levou a situação
com bom humor, basta acessar seu blog para conferir como ela é
exuberante e criativa em todos seus posts. “Chorei poucas vezes, fiquei
com medo de morrer, mas não morri”, diz Meg. Ela ressalta ainda, que para ter câncer de mama, tem que ser muito mulher.
Fonte: ASCOM/DNIT
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CACAU.