Devido à grande quantidade de perguntas que alguns leitores do blog fazem sobre temas relacionados ao trabalho de um pastor na Igreja Adventista do 7º Dia, estou voltando a este assunto com o objetivo de ajudar a ampliar o conhecimento acerca desta importante questão. E antes que os desinformados (rsrs) comecem a atirar suas pedras da ignorância, quero lembrá-los que NÃO SOU OBREIRO da Igreja Adventista do 7º Dia, e não recebo um "tostão" de qualquer de suas instituições...
Um dos maiores “clamores” ouvidos entre os Adventistas de nosso país (na região Nordeste, em particular) é a "falta" de pastores. Muitos irmãos insistem de que os ASD deveriam seguir o modelo de outras denominações, nas quais os pastores administram apenas uma congregação (chamado de sistema congregacionalista), diferentemente do pastor Adventista que, muitas vezes, lida com mais de uma dezena de igrejas e grupos.
Esses irmãos sinceros observam que o pastor não realiza sermões, visitas, eventos, programas, etc., suficientes para “satisfazer” as expectativas dos membros do distrito. Para estas pessoas, o papel principal do pastor é pregar, visitar e resolver os assuntos administrativos da igreja local.
Por isso, o modelo pastoral de outras denominações torna-se tão atraente, uma vez que lá o pastor fica dedicado quase que “exclusivamente” ao atendimento de uma congregação apenas.
Mas...
Qual o modelo bíblico de um pastorado, conforme visto no Novo Testamento?
Que modelo de administração os apóstolos seguiram, o qual produziu um rápido impulso à pregação do Evangelho no primeiro século?
Deveriam os Adventistas adotarem o sistema das grandes igrejas da atualidade, com um pastor exclusivo para cada congregação?
Vejamos o que nos revelam alguns textos bíblicos sobre este assunto...
A Obra Pastoral na Igreja Primitiva
1. Consagração ao ministério da pregação da Palavra de Deus
“Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” - Atos 6:1-4.
Vemos aqui o início da divisão de tarefas na administração da Igreja, quando os apóstolos já observavam que o rápido crescimento do Evangelho estava gerando empecilhos de cunho administrativo, que impediam que eles pudessem se dedicar integralmente à sua principal tarefa – pregar a Palavra.
Em face disso, alguns homens de destaque foram escolhidos para auxiliarem diretamente à Igreja nas tarefas referentes aos serviços "cotidianos". Instituiu-se,então, a função de “diácono” (do grego, "aquele que serve", "que ajuda", "qua auxilia"), que deveria responsabilizar-se pelo atendimento assistencial dos membros, deixando os apóstolos livres para expandirem a Mensagem.
Desde cedo, a liderança da Igreja percebeu que em cada congregação local devem existir pessoas com capacidade de liderança e serviço, que possam auxiliar os líderes "maiores" nos assuntos de caráter mais comum, porém de grande importância - por isso foram escolhidos para serem os primeiros diáconos os melhores que haviam na época.
2. Assumir fielmente o trabalho do Evangelismo
“Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um
Evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” - 2Timóteo 4:5.
Esta certamente é uma importante tarefa que o pastor Adventista deve desempenhar, pois o evangelismo é a "espinha dorsal" da Igreja Adventista, sua própria (e talvez única) razão de existir. O pastor não deve apenas “fazer” evangelismo, mas deve despertar em outros o amor pelo evangelismo em suas diversas formas e métodos (público, pessoal, em PGs, em Classes Bíblicas, na distribuição de folhetos, no ministério da oração intercessória, no evangelismo infantil, jovem, carcerário, hospitalar, etc.), para que cada vez mais membros estejam envolvidos na sagrada missão de anunciar o Evangelho Eterno.
3. Pregar, animar, fortalecer e eleger líderes locais
“Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e Icônio e, instigando as multidões e apedrejando a Paulo, arrastaram-no para fora da cidade, dando-o por morto. Rodeando-o, porém, os discípulos, levantou-se e entrou na cidade. No dia seguinte, partiu, com Barnabé, para Derbe. E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia, fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus. E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.” - Atos 14:19-23.
Paulo realmente foi um grande exemplo de abnegação, desprendimento, zelo e amor pelas almas que perecem na ignorância sobre Deus. Este valoroso apóstolo/pastor não mediu esforços para ver a pregação do Evangelho sempre avançar, muitas vezes com o preço do seu próprio suor e sangue.
É importante observar que Paulo passava por determinada cidade, pregava o Evangelho, ficava o tempo necessário para fazer conversos e prepará-los como discípulos e líderes iniciantes, e então seguia viagem... Algum tempo depois ele retornava (quando lhe era possível), reunia os irmãos, animava-os, treinava-os e deixava a Igreja sob a responsabilidade de líderes locais (Presbíteros, Diáconos, Bispos e/ou Anciãos)... e novamente seguia viagem.
Não vemos Paulo preocupado em se estabelecer em determinada cidade definitivamente, apenas pela necessidade de “fortalecer” a Igreja. Quando ele via que os irmãos já podiam tomar conta de si mesmos, então era hora de partir para uma nova missão.
Enquanto houvessem gentios necessitando ouvir a mensagem de salvação, não havia momento para descanso ou conveniências.
Este é exatamente o papel que o pastor deve desempenhar em nossos dias. Seu principal dever é capacitar os membros para o serviço, e então prosseguir a expansão da Obra em novos lugares. Não há tempo a perder, pois centenas de milhares perecem diariamente sem o conhecimento da verdadeira fé que salva do pecado. A escolha, capacitação e motivação de líderes locais deve ser o ponto focal do trabalho do pastor, deixando sobre esta valorosa e capacitada liderança a tarefa de cuidar do rebanho, enquanto o pastor continua em busca de novas “ovelhas”. Quando houver real necessidade, é óbvio que o pastor distrital também deve empenhar-se na visitação, primeiramente aos líderes, e em seguida àqueles irmãos que não puderam ser atendidos satisfatoriamente pela visitação da liderança formada por seus próprios “pastores locais” (Anciãos, Diáconos, Professores da Escola Sabatina, Líderes de PG ou de Desbravadores, etc.).
4. Os pastores devem contar com uma Liderança Eclesiástica
“Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus fizera com eles. Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés. Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão” - Atos 15:4-6.
Para auxiliar o trabalho dos pastores, cada igreja/congregação deve contar com líderes locais capacitados, que tenham condições de desempenhar atividades de orientações, aconselhamento, doutrinamento, etc, visando uma uniformização do conhecimento doutrinário, para que não existam interpretações equivocadas das Escrituras, e seja mantido o clima de unidade e relacionamento sadio entre os membros.
5. Realizam-se treinamentos regionais com a Liderança das Igrejas
“De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja. E, quando se encontraram
com ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o
tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia...” - Atos 20:17-18.
Um detalhe que me chama a atenção neste relato de Atos 20 é a tremenda distância entre as 2 cidades, e bem sabemos que naquela época não existiam as facilidades de locomoção que temos hoje (carro, moto, ônibus, trem, avião, etc.), mas o amor pela salvação de almas ardia no coração daqueles homens e mulheres, por isso eles não se incomodavam em caminhar vários dias para aprenderem como melhor trabalharem para o Mestre... Que exemplo para nós, hoje!
Mileto e Éfeso distavam cerca de 100 Km uma da outra, mas isso não impediu Paulo de convocar os líderes para uma reunião de orientações e treinamento. Esse é o papel do pastor... Ele deve utilizar esses momentos de encontros regionais para animar, motivar, treinar, equipar e desafiar seus líderes locais para o exercício do trabalho de pregação em cada igreja. O pastor não pode se preocupar com uma congregação apenas, pois para isso Deus orientou a escolha de Anciãos, Presbíteros, Diáconos, Bispos, etc.
O pastor trabalha de perto com o grupo de líderes, para que estes possam trabalhar cada um com sua respectiva equipe em cada igreja. Esse foi o modelo do deserto, com Moisés, e era esse o modelo do Novo Testamento, que fez com que a Igreja crescesse tanto.
Por que deveríamos nos afastar dele agora?!
6. Uma tarefa especial é a escolha da Liderança local
“Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes,
bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi”- Tito 1:5.
Mais uma confirmação bíblica de que o pastor deve preocupar-se com a escolha de consagrados líderes locais capacitados, para poderem “tocar o barco” enquanto ele está envolvido na pregação do Evangelho em novos lugares.
7. Os líderes locais têm um ministério especial a desempenhar
“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes
façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor” - Tiago 5:14.
Vê-se que não é apenas do pastor a tarefa de visitar, aconselhar, orar pelos enfermos, etc. Cabe também à liderança local a iniciativa de estar atenta às necessidades dos membros sob sua responsabilidade, e buscarem apoio do pastor apenas para os casos que estiverem fora de seu alcance, ou seja, aqueles considerados “mais graves” (cf. Êxodo 18:21-22), para que o pastor possa dedicar-se à sua tarefa principal - treinamento e evangelismo.
8. O pastor tem como principal meta o crescimento da Igreja de Deus
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo...” - Efés. 4:11-14.
Juntamente com outras funções de liderança da Igreja de Deus, o pastor deve ter como objetivo nº 1 a edificação do corpo de Cristo, fazendo com que cada crente seja "aperfeiçoado" (treinado) para a obra de pregação do Evangelho.
A Obra Pastoral, Segundo o ESPÍRITO DE PROFECIA
“Que o ministro dedique mais do seu tempo a educar do que a pregar. Que ele ensine ao povo como dar aos outros o conhecimento que receberam” – Test. para a Igreja, vol. 7, pág. 20.
“Deus não deu aos Seus ministros o trabalho de endireitarem as igrejas. Logo que esse trabalho parece estar feito, tem de ser recomeçado de novo. Os membros de igreja que são assim cuidados e vigiados tornam-se seres religiosos débeis. Se noventa por cento do esforço que tem sido feito em favor dos que sabem a verdade fossem feitos em favor dos que nunca ouviram a verdade, quão maior teria sido o avanço realizado!” – Test.para a Igreja, vol. 7, pág. 18.
“Esquecendo que a força para resistir ao mal se alcança melhor através de um serviço agressivo, eles começaram a pensar que não tinham trabalho mais importante do que proteger a igreja de Jerusalém dos ataques do inimigo... Para espalhar os Seus representantes pelo mundo, onde pudessem trabalhar por outros, Deus permitiu que a perseguição viesse sobre eles. Expulsos de Jerusalém, os crentes iam por toda a parte pregando a Palavra” – Atos dos Apóstolos, pág. 105.
“A maior ajuda que pode ser dada ao nosso povo é ensiná-los a trabalhar para Deus e a dependerem dEle, não dos pastores” – Test. para a Igreja, vol. 7, pág. 19.
“Se os membros da Igreja não fizerem qualquer esforço para darem a outros a ajuda que lhes foi dada, grande debilidade espiritual será forçosamente o resultado” – Idem.
Vemos que nós recebemos uma indicação direta de Deus sobre o trabalho que o pastor deve desempenhar diante da Igreja – treinar os membros e motivá-los para o trabalho.
Como poderíamos ficar alheios às claras orientações do Senhor a este respeito?
Leia 2Crôn. 20:20.
:::::::::::::::::::::::::::::::::::
Concluindo, vemos claramente que a obra principal do pastor não deve ser EXCLUSIVAMENTE o atendimento às necessidades de uma igreja local apenas, mas a capacitação e desenvolvimento de uma liderança que seja apta a atender à congregação, enquanto o pastor fica livre para pregar em novos lugares, confirmar os já convertidos e treinar novos líderes. Este foi o modelo do Novo Testamento, e também é o modelo da Igreja Adventista do 7° Dia, pois foi aquele orientado diretamente pelo Espírito de Deus - para quê um melhor "estrategista" do que Este?
É interessante, ainda, observar que as regiões do mundo que mais crescem em número de novos conversos ao Evangelho são, exatamente, aquelas onde tem menos pastores para cuidarem de vários membros (América do Sul e partes da África, por exemplo). Em algumas regiões onde o número de pastores é bem maior (nas quais um pastor cuida de apenas 100 membros, em média) o Evangelho está praticamente estagnado, do ponto de vista de crescimento da membresia.
Portanto, na IASD, conforme orientação da Bíblia e do Espírito de Profecia, o pastor assume a função mais próxima à do “apóstolo”, que é o responsável por capacitar a liderança para que esta desenvolva os dons necessários para o cuidado do rebanho, enquanto que o pastor/apóstolo difunde o Evangelho em lugares novos.
Os Anciãos locais é quem têm um grande privilégio (e também uma pesada responsabilidade) de assumir boa parte da função "pastoral" de cuidar do rebanho sob sua responsabilidade, recebendo para isso a supervisão, o treinamento e o apoio do pastor/apóstolo distrital.
É claro que o pastor pode, E DEVE, realizar visitas, aconselhamentos, programas, etc., mas este não é seu trabalho principal, conforme pudemos ver nos textos inspirados.
Veja também:
- Responsabilidade x Autoridade
Um dos maiores “clamores” ouvidos entre os Adventistas de nosso país (na região Nordeste, em particular) é a "falta" de pastores. Muitos irmãos insistem de que os ASD deveriam seguir o modelo de outras denominações, nas quais os pastores administram apenas uma congregação (chamado de sistema congregacionalista), diferentemente do pastor Adventista que, muitas vezes, lida com mais de uma dezena de igrejas e grupos.
Esses irmãos sinceros observam que o pastor não realiza sermões, visitas, eventos, programas, etc., suficientes para “satisfazer” as expectativas dos membros do distrito. Para estas pessoas, o papel principal do pastor é pregar, visitar e resolver os assuntos administrativos da igreja local.
Por isso, o modelo pastoral de outras denominações torna-se tão atraente, uma vez que lá o pastor fica dedicado quase que “exclusivamente” ao atendimento de uma congregação apenas.
Mas...
Qual o modelo bíblico de um pastorado, conforme visto no Novo Testamento?
Que modelo de administração os apóstolos seguiram, o qual produziu um rápido impulso à pregação do Evangelho no primeiro século?
Deveriam os Adventistas adotarem o sistema das grandes igrejas da atualidade, com um pastor exclusivo para cada congregação?
Vejamos o que nos revelam alguns textos bíblicos sobre este assunto...
A Obra Pastoral na Igreja Primitiva
1. Consagração ao ministério da pregação da Palavra de Deus
“Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” - Atos 6:1-4.
Vemos aqui o início da divisão de tarefas na administração da Igreja, quando os apóstolos já observavam que o rápido crescimento do Evangelho estava gerando empecilhos de cunho administrativo, que impediam que eles pudessem se dedicar integralmente à sua principal tarefa – pregar a Palavra.
Em face disso, alguns homens de destaque foram escolhidos para auxiliarem diretamente à Igreja nas tarefas referentes aos serviços "cotidianos". Instituiu-se,então, a função de “diácono” (do grego, "aquele que serve", "que ajuda", "qua auxilia"), que deveria responsabilizar-se pelo atendimento assistencial dos membros, deixando os apóstolos livres para expandirem a Mensagem.
Desde cedo, a liderança da Igreja percebeu que em cada congregação local devem existir pessoas com capacidade de liderança e serviço, que possam auxiliar os líderes "maiores" nos assuntos de caráter mais comum, porém de grande importância - por isso foram escolhidos para serem os primeiros diáconos os melhores que haviam na época.
2. Assumir fielmente o trabalho do Evangelismo
“Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um
Evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” - 2Timóteo 4:5.
Esta certamente é uma importante tarefa que o pastor Adventista deve desempenhar, pois o evangelismo é a "espinha dorsal" da Igreja Adventista, sua própria (e talvez única) razão de existir. O pastor não deve apenas “fazer” evangelismo, mas deve despertar em outros o amor pelo evangelismo em suas diversas formas e métodos (público, pessoal, em PGs, em Classes Bíblicas, na distribuição de folhetos, no ministério da oração intercessória, no evangelismo infantil, jovem, carcerário, hospitalar, etc.), para que cada vez mais membros estejam envolvidos na sagrada missão de anunciar o Evangelho Eterno.
3. Pregar, animar, fortalecer e eleger líderes locais
“Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e Icônio e, instigando as multidões e apedrejando a Paulo, arrastaram-no para fora da cidade, dando-o por morto. Rodeando-o, porém, os discípulos, levantou-se e entrou na cidade. No dia seguinte, partiu, com Barnabé, para Derbe. E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia, fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus. E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.” - Atos 14:19-23.
Paulo realmente foi um grande exemplo de abnegação, desprendimento, zelo e amor pelas almas que perecem na ignorância sobre Deus. Este valoroso apóstolo/pastor não mediu esforços para ver a pregação do Evangelho sempre avançar, muitas vezes com o preço do seu próprio suor e sangue.
É importante observar que Paulo passava por determinada cidade, pregava o Evangelho, ficava o tempo necessário para fazer conversos e prepará-los como discípulos e líderes iniciantes, e então seguia viagem... Algum tempo depois ele retornava (quando lhe era possível), reunia os irmãos, animava-os, treinava-os e deixava a Igreja sob a responsabilidade de líderes locais (Presbíteros, Diáconos, Bispos e/ou Anciãos)... e novamente seguia viagem.
Não vemos Paulo preocupado em se estabelecer em determinada cidade definitivamente, apenas pela necessidade de “fortalecer” a Igreja. Quando ele via que os irmãos já podiam tomar conta de si mesmos, então era hora de partir para uma nova missão.
Enquanto houvessem gentios necessitando ouvir a mensagem de salvação, não havia momento para descanso ou conveniências.
Este é exatamente o papel que o pastor deve desempenhar em nossos dias. Seu principal dever é capacitar os membros para o serviço, e então prosseguir a expansão da Obra em novos lugares. Não há tempo a perder, pois centenas de milhares perecem diariamente sem o conhecimento da verdadeira fé que salva do pecado. A escolha, capacitação e motivação de líderes locais deve ser o ponto focal do trabalho do pastor, deixando sobre esta valorosa e capacitada liderança a tarefa de cuidar do rebanho, enquanto o pastor continua em busca de novas “ovelhas”. Quando houver real necessidade, é óbvio que o pastor distrital também deve empenhar-se na visitação, primeiramente aos líderes, e em seguida àqueles irmãos que não puderam ser atendidos satisfatoriamente pela visitação da liderança formada por seus próprios “pastores locais” (Anciãos, Diáconos, Professores da Escola Sabatina, Líderes de PG ou de Desbravadores, etc.).
4. Os pastores devem contar com uma Liderança Eclesiástica
“Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus fizera com eles. Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés. Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão” - Atos 15:4-6.
Para auxiliar o trabalho dos pastores, cada igreja/congregação deve contar com líderes locais capacitados, que tenham condições de desempenhar atividades de orientações, aconselhamento, doutrinamento, etc, visando uma uniformização do conhecimento doutrinário, para que não existam interpretações equivocadas das Escrituras, e seja mantido o clima de unidade e relacionamento sadio entre os membros.
5. Realizam-se treinamentos regionais com a Liderança das Igrejas
“De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja. E, quando se encontraram
com ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o
tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia...” - Atos 20:17-18.
Um detalhe que me chama a atenção neste relato de Atos 20 é a tremenda distância entre as 2 cidades, e bem sabemos que naquela época não existiam as facilidades de locomoção que temos hoje (carro, moto, ônibus, trem, avião, etc.), mas o amor pela salvação de almas ardia no coração daqueles homens e mulheres, por isso eles não se incomodavam em caminhar vários dias para aprenderem como melhor trabalharem para o Mestre... Que exemplo para nós, hoje!
Mileto e Éfeso distavam cerca de 100 Km uma da outra, mas isso não impediu Paulo de convocar os líderes para uma reunião de orientações e treinamento. Esse é o papel do pastor... Ele deve utilizar esses momentos de encontros regionais para animar, motivar, treinar, equipar e desafiar seus líderes locais para o exercício do trabalho de pregação em cada igreja. O pastor não pode se preocupar com uma congregação apenas, pois para isso Deus orientou a escolha de Anciãos, Presbíteros, Diáconos, Bispos, etc.
O pastor trabalha de perto com o grupo de líderes, para que estes possam trabalhar cada um com sua respectiva equipe em cada igreja. Esse foi o modelo do deserto, com Moisés, e era esse o modelo do Novo Testamento, que fez com que a Igreja crescesse tanto.
Por que deveríamos nos afastar dele agora?!
6. Uma tarefa especial é a escolha da Liderança local
“Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes,
bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi”- Tito 1:5.
Mais uma confirmação bíblica de que o pastor deve preocupar-se com a escolha de consagrados líderes locais capacitados, para poderem “tocar o barco” enquanto ele está envolvido na pregação do Evangelho em novos lugares.
7. Os líderes locais têm um ministério especial a desempenhar
“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes
façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor” - Tiago 5:14.
Vê-se que não é apenas do pastor a tarefa de visitar, aconselhar, orar pelos enfermos, etc. Cabe também à liderança local a iniciativa de estar atenta às necessidades dos membros sob sua responsabilidade, e buscarem apoio do pastor apenas para os casos que estiverem fora de seu alcance, ou seja, aqueles considerados “mais graves” (cf. Êxodo 18:21-22), para que o pastor possa dedicar-se à sua tarefa principal - treinamento e evangelismo.
8. O pastor tem como principal meta o crescimento da Igreja de Deus
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo...” - Efés. 4:11-14.
Juntamente com outras funções de liderança da Igreja de Deus, o pastor deve ter como objetivo nº 1 a edificação do corpo de Cristo, fazendo com que cada crente seja "aperfeiçoado" (treinado) para a obra de pregação do Evangelho.
A Obra Pastoral, Segundo o ESPÍRITO DE PROFECIA
“Que o ministro dedique mais do seu tempo a educar do que a pregar. Que ele ensine ao povo como dar aos outros o conhecimento que receberam” – Test. para a Igreja, vol. 7, pág. 20.
“Deus não deu aos Seus ministros o trabalho de endireitarem as igrejas. Logo que esse trabalho parece estar feito, tem de ser recomeçado de novo. Os membros de igreja que são assim cuidados e vigiados tornam-se seres religiosos débeis. Se noventa por cento do esforço que tem sido feito em favor dos que sabem a verdade fossem feitos em favor dos que nunca ouviram a verdade, quão maior teria sido o avanço realizado!” – Test.para a Igreja, vol. 7, pág. 18.
“Esquecendo que a força para resistir ao mal se alcança melhor através de um serviço agressivo, eles começaram a pensar que não tinham trabalho mais importante do que proteger a igreja de Jerusalém dos ataques do inimigo... Para espalhar os Seus representantes pelo mundo, onde pudessem trabalhar por outros, Deus permitiu que a perseguição viesse sobre eles. Expulsos de Jerusalém, os crentes iam por toda a parte pregando a Palavra” – Atos dos Apóstolos, pág. 105.
“A maior ajuda que pode ser dada ao nosso povo é ensiná-los a trabalhar para Deus e a dependerem dEle, não dos pastores” – Test. para a Igreja, vol. 7, pág. 19.
“Se os membros da Igreja não fizerem qualquer esforço para darem a outros a ajuda que lhes foi dada, grande debilidade espiritual será forçosamente o resultado” – Idem.
Vemos que nós recebemos uma indicação direta de Deus sobre o trabalho que o pastor deve desempenhar diante da Igreja – treinar os membros e motivá-los para o trabalho.
Como poderíamos ficar alheios às claras orientações do Senhor a este respeito?
Leia 2Crôn. 20:20.
:::::::::::::::::::::::::::::::::::
Concluindo, vemos claramente que a obra principal do pastor não deve ser EXCLUSIVAMENTE o atendimento às necessidades de uma igreja local apenas, mas a capacitação e desenvolvimento de uma liderança que seja apta a atender à congregação, enquanto o pastor fica livre para pregar em novos lugares, confirmar os já convertidos e treinar novos líderes. Este foi o modelo do Novo Testamento, e também é o modelo da Igreja Adventista do 7° Dia, pois foi aquele orientado diretamente pelo Espírito de Deus - para quê um melhor "estrategista" do que Este?
É interessante, ainda, observar que as regiões do mundo que mais crescem em número de novos conversos ao Evangelho são, exatamente, aquelas onde tem menos pastores para cuidarem de vários membros (América do Sul e partes da África, por exemplo). Em algumas regiões onde o número de pastores é bem maior (nas quais um pastor cuida de apenas 100 membros, em média) o Evangelho está praticamente estagnado, do ponto de vista de crescimento da membresia.
Portanto, na IASD, conforme orientação da Bíblia e do Espírito de Profecia, o pastor assume a função mais próxima à do “apóstolo”, que é o responsável por capacitar a liderança para que esta desenvolva os dons necessários para o cuidado do rebanho, enquanto que o pastor/apóstolo difunde o Evangelho em lugares novos.
Os Anciãos locais é quem têm um grande privilégio (e também uma pesada responsabilidade) de assumir boa parte da função "pastoral" de cuidar do rebanho sob sua responsabilidade, recebendo para isso a supervisão, o treinamento e o apoio do pastor/apóstolo distrital.
É claro que o pastor pode, E DEVE, realizar visitas, aconselhamentos, programas, etc., mas este não é seu trabalho principal, conforme pudemos ver nos textos inspirados.
Veja também:
- Responsabilidade x Autoridade
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Comentários
O momento que os apóstolos viviam era de uma nova mensagem(desconhecida na verdade), sendo uma nova mensagem era necessário todo empenho dos mais instruídos para pregar o novo evangelho, o evangelho de Cristo. Pensando deste modo, jeremias 23 estaria falando dos anciões e diáconos?
Acho que nossa igreja acabou exagerando nas decisões tomadas quanto a estes assuntos. Na ultima mudança pastoral que ocorreu em meu distrito foi que ocorreu a sua divisão, antes era um pastor pra mais de 10 igrejas e PGs. Não acho que devemos adotar o NOVO modelo de pastorado, 1 pra cada igreja, mas deveria existir uma regra, sendo 1 pra no máximo 3 igrejas, Seria o mais sensato a se fazer, pois ele estaria 1 vez na semana em cada igreja realizando um gabinete pastoral. Pois todos temos dúvidas que na maioria das vezes um pastor presente ajudaria muito.
E já que seguimos o modelo do novo testamento, nele os anciões, diáconos e músicos não recebiam uma oferta?
Infelizmente, o ministério de nossa igreja é lindo de mais, porém, vemos pastores se formando para tornarem-se sonoplastas, cantores, apresentadores e etc...
Acho que ele deva dar sim ênfase a conversão, mas ele também TEM que dar importância as ovelhas. Pois da forma que está, como você mesmo falou, de pastores locais que eram ovelhas, e pastores que tornaram-se preletores e pregadores.
Como o irmão falou, deve existir treinamentos para os líderes locais, porém o que a associação está promovendo, como houve neste mês, uma reunião para anciões e tesoureiros, onde não houve treinamento e sim pedidos pra aumentarmos nossa arrecadação, como se estive em uma reunião de empresa. Cade os treinamentos de capacitação para os líderes, treinando-os para lidar com a dor de famílias que perdem pessoas, treinamentos para lidar com o adultério na igreja, como falar com os jovens, conhecimento doutrinário e etc? Pois quem recebe orientação, estuda em faculdade e passa por testes, é o pastor.
Amigo, espero que não fique chateado comigo, pois falo tudo isso com pesar, estou na igreja que prega a verdade, estamos lutando com unhas e dentes pra o diabo não nos destruir o que temos. Espero suas respostas para as dúvidas que coloquei aqui, e minha opinião(desabafo) rs.
Um grande abraço e uma boa noite.
Jonatan Pacheco
Sei que existem muitos motivos para desacreditarmos da maneira como algumas coisas são conduzidas pelos homens que lideram a Obra de Deus. Mas tenho plena certeza que eles não irão até onde o Senhor permitir, pois a Obra, afinal, é dEle... correto?
Uma vez conduzida por pessoas falhas, fatalmente existirão falhas... o mesmo ocorreu com Jesus (no início da Igreja Cristã) e com os primeiros Adventistas (no início da denominação).
Mas discordo com você com relação à maneira como o pastor deve atuar no distrito, conforme expliquei no texto. Se os anciãos, diáconos, etc., não possuem a capacidade para resolverem os problemas ou dúvidas da igreja, desculpe a sinceridade, mas a culpa também é deles. Existe um vasto material na Lição de Escola Sabatina, nas revistas da Igreja, livros, nos manuais, apostilas, treinamentos, etc., que são amplamente disponibilizados para todos nós... Mas te pergunto: quantos em sua igreja, por exemplo, possuem e estudam a Lição da ES semanalmente??? Vê?! O problema está em nós, que não aproveitamos as oportunidades e ficamos apenas esperando o "maná cair do céu"... ele não cai mais!
Concordo que músicos, anciãos, diáconos, etc., também poderiam receber algum tipo de remuneração por seu trabalho, porém apenas se trabalharem EXCLUSIVAMENTE para a Obra de Deus, como acontece com os pastores e demais obreiros, pois esta é a norma bíblica seguida pelos Adventistas.
Por fim, sugiro que ore ao Senhor e peça a Ele a sabedoria e a fé necessárias para que você, caro Jonatan, seja o líder que venha a fazer a diferença na sua igreja local, ajudando seu pastor e seus líderes a edificarem e fortalecerem uma igreja que está se preparando para receber seu querido Noivo.
Aceita o desafio!?
Um abraço
Gilson.
Quanto ao desafio, não só está aceito como já estou colocando em prática, e sobre o que falou, posso dizer que poucos tem a lição, digo isso com total certeza pois sou professor dos jovens. Há o incentivo, porém, talvez o comodismo, falta de dinheiro ou seja lá o que for, não os deixa adquirir. Mas ainda acho que a escola sabatina não é tão profunda quanto uma faculdade, ela capacita sim, aprendi muitas coisas com ela, porém um pastor ensinando é melhor ainda, pois ele pode me responder no ato as coisas que preciso aprender. Por exemplo, o seu blog é uma ferramenta para os líderes, pois o conhecimento que você tem e passa para os outros é de extrema importância, com seus textos já tirei várias dúvidas.
Eu estava lendo a revista para os líderes e pastores, e ela não fala deste modelo que você falou, ela tratava de pastores que devem cuidar das suas ovelhas, pois eu sou hoje líder, mas não deixei de ser ovelha. Hoje os pastores, não tem tempo nem mesmo de realizar o que você falou, ser evangelistas e centro de informação para os líderes, pois estão sobrecarregados.
Acho eu que essa questão não está tão bem resolvida, pois vi no site oficial que estão pensando em incentivar os pastores a terem uma segunda profissão. Ou seja, ninguém tem plena certeza de como ser pastor rsrs podemos resumir tudo em levar almas para Jesus.
Sabe, sou jovem de mais, tenho um longo caminho pela frente, tanto na parte material como espiritual. Hoje curso uma faculdade, talvez farei um curso técnico junto, sou noivo e esta semana descobri que a igreja contará comigo como líder. Mas gostaria muito de ter a preparação de um pastor, é até um intuito meu, se Jesus não voltar antes, quero após me estabilizar, estudar pelo menos o básico, de repente fazer parte de uma escola de obreiros, somente para adquirir mais conhecimento.
Contudo fica aqui meu agradecimento por mais esse post, e que Deus sempre te use para escrever a respeito dEle e do que Ele deixou para todos nós. Por mais que não ache que esse seja o melhor modelo, acho que ele poderia ser mais mesclado e com menos igrejas. Não o desconsidero, pois sei que Deus pode e atua de maneira grandiosa desta forma.
Ps: indico a todos da igreja o seu blog, pois ele é uma ferramente muito boa para os cristãos, continue com esse trabalho pois ele é de grande ajuda para todos !
Abraço, Jonatan Pacheco.
Não lembro de ter visto nada sobre o pastor ter uma "segunda profissão"... creio que houve um equívoco nesta informação.. mas, vou pesquisar mais a respeito.
Um abraço
Gilson.